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The Black Panthers: Vanguard of the Revolution – 2015

The Black Panthers: Vanguard of the Revolution é um esforço para contar a ascensão e a queda de um dos movimentos mais controversos dos Estados Unidos. Com direção do veterano Stanley Nelson, o documentário apresenta uma boa contextualização geral, mas sofre pelo parcialismo que veta qualquer análise de pontos controversos da história de um dos mais relevantes grupos da história dos Estados Unidos.

Nelson projeta praticamente todo seu foco nas costas de Huey Newton, Bobby Seale e cia para entender o conflito social da metade da década de 1960 que colocava os policiais frente a frente contra os negros, em um movimento que surgiu em Oakland e rapidamente tomou conta de todo país. A partir da organização de uma pequena milícia que fiscalizava a atuação brutal dos policiais (que tinham o costume de prender por desacato e humilhar jovens negros na rua) – logo a atenção dos políticos e da mídia voltou-se para a contenção de um grupo que pregava por mais igualdade e justiça – pelo menos em seus anos iniciais.

O ponto de destaque é que Seale desenvolve sua narrativa sem o auxílio de narrador, apenas situando seu espectador com referências à temporalidade da análise. A partir de uma invejável quantidade de depoimentos – de muita qualidade, diga-se de passagem – o fenômeno é analisado politicamente, com cada sujeito dando sua versão de sua luta pela liberdade.

No entanto, Seale praticamente descarta o espectro político do grupo. Ao analisar e criticar (com justiça) a administração Nixon e o chefe do FBI, J. Edgar Hoover, o diretor justifica que a organização tinha medo de um ‘salvador negro’, um homem que pudesse organizar um movimento de resistência e preparar até mesmo conflitos de grande escala. No entanto, a retórica anti-captalista e a simpatia dos líderes por países como a China são deixadas de lado – o que é um duro baque para quem conhece o grupo, e dá uma imagem falsa de que os Panteras Negras eram apolíticos.

Outro problema – mais grave – está no fato de Seale praticamente esconder as várias rupturas internas criadas após o assassinato de Bobby Hutton e do Dr. King, ambos em 1968. Existe a menção de que tais fatos ajudaram a fortalecer a concepção de salvação pela luta armada, mas senti uma falta tremenda de mais foco em Huey – que é a chave para explicar várias controvérsias. Seale praticamente não oferece ao seu espectador a possibilidade de compreender que muitos dos Panteras atuaram fortemente no meio político, inclusive abrindo lugar para posições conservadoras – alvo de muitas discussões, especialmente na era Reagan.

Ainda assim, The Black Panthers: Vanguard of the Revolution é o melhor documentário disponível hoje sobre os Panteras Negras, mas está longe de ser uma versão definitiva da história do grupo – apesar dos distribuidores se esforçarem em torno dessa ideia. Talvez pela proximidade de seu objeto, Seale descarta pontos relevantes e oferece ao seu espectador uma estruturação com pouco espaço para questionamentos e reflexões mais profundas, que envolvam conceitos chaves – como o mulherismo – até mesmo toda a contracultura em torno da Guerra do Vietnã.

NOTA: 6/10

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