Readaptar clássicos é uma tarefa extremamente difícil. Se, por um lado, existe euforia em torno do resultado final, por outro existe pressão para que o produto não deixe muito a desejar, prezando pelo conteúdo base. The Jungle Book (Mogli: O Menino Lobo, no Brasil) consegue levar ao público alguns dos mais belos efeitos para IMAX e Real3D já apresentados no cinema e apresenta um elenco de ponta. Só que isto não impede a falta de coerência estrutural do filme, que se perde pela falta de identidade própria.
Com exceção de Mogli, tudo em The Jungle Book é animado. Raksha (voz de Lupita Nyong’o) cria o menino dentro da alcateia comandada por Akela (voz de Giancarlo Esposito). Mesmo com a estranheza dos outros animais, já que os humanos são responsáveis pela flor vermelha (fogo), Mogli é bem aceito. Mas o cruel Shere Khan (voz de Idris Elba) expressa seu descontentamento e planeja matar Mogli o quanto antes. Pressionado, Mogli deixa a floresta e parte para a cidade, auxiliado pela pantera negra Bagheera (voz de Ben Kingsley), que foi seu tutor. No caminho, ele encontra o simpático urso Baloo (Bill Murray), com cria um bonito laço de amizade.
Apesar da boa história, nem tudo são flores. O jovem Neel Sethi não tem culpa do punhado de linhas pesadas que lhe foram designadas. Por três vezes ele escorrega ao querer passar uma visão extremamente confiante de seu personagem – modificando seu tom de voz, tornando Mogli um tanto quanto genérico, sem identidade. Tanto a passagem inicial quanto a final na floresta não são bem armadas – existe a clara percepção de que faltou um pouco mais de suavidade na transição dos desenhos para a ação real. Favreau parece ter jogado em duas direções: ao tentar adaptar quase que ao pé da letra tomadas clássicas do desenho, ele usa os recursos gráficos para atiçar o espectador. Por isso, seu filme não tem uma identidade própria, já que a animação, em última instância, não é o suficiente para diferenciar sua obra da versão clássica. Como de praxe neste tipo de filme, existem simpáticos personagens secundários – todos envolvidos com Baloo – que garantem algumas risadas e dão um tom bastante positivo à história.
A trilha sonora é excelente, mas foi mal distribuída. Trust in Me, de Scarlett Johansson, tem uma letra perfeita e poderia muito bem estar no clímax da cena de Mogli com Kaa, como na versão original. Ao invés disso, a música ficou para o fechamento – quando os mais apressados já deixaram suas poltronas. Por outro lado, os produtores apostaram na estranha versão de Bare Necessities, Bill Murray, que causa espanto ao espectador que conhece a versão original. Um dos pontos altos do filme – quem diria – é a cena de fechamento e rolagem de créditos, quando os personagens apresentados na tela entram no livro criando breves passagens memoráveis e emocionantes.
A versão de 2016 de The Jungle Book é boa o suficiente para conquistar as famílias e atende os requisitos básicos para ser considerada como uma boa adaptação de sua obra original, tendo em vista o trabalho de pesquisa em torno dos personagens na confecção das animações, efeitos gráficos avançados e exepcional dublagem. Os bons resultados de bilheteria devem impulsionar a Disney para a realização de mais filmes live action baseados em desenhos clássicos – A Bela e a Fera, por sinal, tem lançamento agendado para 2017.
Leia também a crítica da versão original de The Jungle Book.
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NOTA: 6/10
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