El abrazo de la serpiente (O Abraço da Serpente, no Brasil) definitivamente é um filme muito restrito. Isto ocorre devido as opções técnicas feitas pelo diretor Ciro Guerra, que passam desde a fotografia em preto e branco até as duras horas de rodagem (que parecem mais por conta do toque lento do roteiro).
Theodor Koch-Grunberg (Jan Bijvoet) viaja pela Amazônia de barco com o xamã Karamakate (Nilbio Torres), em busca de uma lendária planta capaz de curar qualquer doença. Quarenta anos mais tarde, Richard Evans Schultes (Brionne Davis) faz o mesmo percurso com o já idoso Karamakate (Antonio Bolívar), em busca da mesma planta – ainda que tenha outros objetivos.
Vagamente adaptado dos diários dos dois pesquisadores alemães, Ciro Guerra faz uma boa construção de sua história. A opção por intercalar a viagem de ambos é interessante – já que abre a possibilidade para dois clímax completamente independentes. O diretor traz elementos míticos para sua trama, sendo que a serpente e o tigre tornam-se aliados do público para a compreensão total da história.
O lento desenrolar – moldado a partir de calmas viagens pelos rios e por interessantes e bem escritas linhas de diálogo – foca em detalhes secundários muito bem articulado, expandindo as quatro décadas que separam Theo e Evans. A Amazônia em p/b é bonita o suficiente para chamar a atenção. A fotografia marcante de David Gallego aposta em tomadas aéreas para complementar a grandiosidade proposta por Guerra, com resultados positivos. Outro ponto positivo é a mistura de línguas (latim, português, espanhol, alemão e inglês, fora os dialetos indígenas) – ainda que seja mais um empecilho para a distribuição – que mostra o trabalho em torno da imersão do espectador no seu filme, com arestas polidas.
Boa surpresa do cinema colombiano, El abrazo de la serpiente foi a grande surpresa na lista dos indicados ao Oscar de sua categoria, o que mostra uma positiva abertura do corpo da Academia encarregado pela seleção de melhor filme estrangeiro.
NOTA: 7/10
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