Existem filmes que desafiam a inteligência do espectador – tornando uma nova exibição necessária para captar detalhes e tentar amarrar a história. São poucos, é verdade. Na maioria das vezes, diretores e produtores reúnem surpresas em roteiros mal orquestrados, que esquecem completamente da vida cotidiana apenas para humilhar o bom senso do público. Kill List é um desses filmes. A produção de 2011 visava captar um público cult, o que explica seu lançamento em festivais alternativos. A facilidade com que o filme sai de um thriller comum para ganhar traços de um filme de terror ao estilo de The Wicker Man impressiona, só que negativamente.
Jay (Neil Maskell) e Shel (MyAnna Buring) começam a passar por dificuldades financeiras. Durante um jantar, Gal (Michael Smiley), amigo de Jay, propõe uma oferta para assassinar três alvos em troca de uma quantia de dinheiro que pode dar a família mais tranquilidade. O filme emenda os dois primeiros alvos de forma bastante ágil, com cenas pesadas de assassinatos. Por trás dos motivos da morte de cada um dos homens, suas ‘culpas’ são contextualizadas, com um breve julgamento moral. É a partir das últimas cenas que Kill List simplesmente desconstrói tudo o que havia feito de bom para cair em um tom apático e sem vida.
Obviamente isto foi feito com o intuito único de impressionar e intrigar. A busca de Jay e Gal para completar a encomenda com o último assassinato envolve uma espécie de sobrenatural, que foca apenas neles. É comum neste tipo de filme o mundo girar em torno de uma cidade sem polícia, sem vizinhos. Por isso, um ritual secreto que acontece nos vinte minutos finais toma proporções bem maiores do que deveria.
O diretor Ben Wheatley, que recentemente apresenta bons projetos dentro do cinema britânico, mostra na metade de seu filme uma prévia para o final. São duas cenas, rápidas o suficiente para um espectador que acompanha cinema alternativo (seja filmes B ou apenas voltados para home video) ter noção de que a conclusão seria a esperada – e por este motivo a frustração é enorme. O potencial de Kill List era grande – e as atuações não são ruins para um filme de baixo orçamento, como é o caso. O problema, cada vez mais frequente, é que os idealizadores apostam cegamente em um final surpreendente e visam moldar toda a experiência em torno dele, deixando de lado a coerência do roteiro, algo básico para um bom filme.
NOTA: 2/10
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