Danny Collins (Não Olhe para Trás, no Brasil) tem seus bons momentos. Em geral, eles giram em torno da excelente atuação de Al Pacino e de uma boa análise sobre a conturbada vida de uma estrela da música. Primeiro filme do diretor Dan Fogelman, a história peca por tomar apostar em um drama familiar bastante comum.
Em 1971, John Lennon leu a entrevista do jovem talento Steve Tilston para uma popular revista de música. O astro dos Beattles fez uma carta endereçada ao cantor onde discordava da afirmação de que o dinheiro poderia bloquear sua atividade. Tilston só leria a carta em 2005, após descobrir que ela foi vendida a um colecionador.
Danny Collins (Al Pacino) é a versão ficcional de Tilston. Sem compor uma música há trinta anos, ele vive do sucesso do passado, que é o suficiente para encher seus bolsos com hits remasterizados e turnes ao redor dos Estados Unidos. Quando o agente do cantor (Christopher Plummer) encontra a carta que Lennon escreveu à ele em 1971, ele decide revirar sua vida, especialmente pelo fato de seu ídolo ter deixado o número de telefone para contato. Várias perguntas tomam a cabeça de Danny: como seria seu contato com Lennon? O que ele faria de diferente? Quantas experiências deixaram de ser criadas? Collins decide cancelar sua turnê e andamento e toma a decisão de correr atrás de seu filho, Tom (Bobby Cannavale), resultado de uma noite de festa com uma fã.
O elenco de apoio, também composto por Jennifer Garner, que intrepreta a esposa de Tom, desempenha um papel modesto. Todos ali sabem que a estrela é o personagem de Al Pacino (e não existe nada de errado com isto). É ele que nos brinda com uma atuação despojada, com momentos hilários. Ao mesmo tempo, Pacino consegue entregar bastante credibilidade ao interpretar a música ‘Hey Baby Doll’, o maior sucesso de Danny – a música pelo qual ele é reconhecido.
Ao apostar no encontro entre pai e filho, o roteiro falha miseravelmente em explorar o lado humano, ainda que tivesse chance para isto. Tom descobre que está com Leucemia, e este se torna um elo de ligação e conexão importante. No entanto, existe o problema de que a mensagem principal é de que o dinheiro compra tudo. Foi assim na reaproximação, já que Danny pagou um caminhão de brinquedos e conseguiu uma escola de ponta para sua neta, hiperativa. As poucas cenas que realmente investem na conexão pai e filho, acontecem apenas em momentos decisivos, o que não me convenceu, uma vez que não existe uma construção decente para tal.
Ainda assim, respeito a decisão de Fogelman, que teve outro problema, que foi conseguir o licenciamento de canções de Lennon (que sabidamente tem os agentes mais duros para negociação com Hollywood). Graças à Yoko Ono, que viu no filme uma mensagem positiva de paz, nove músicas foram liberadas por uma quantia baixa, considerando o pequeno orçamento de dez milhões de dólares para a produção.
Ao misturar realidade com ficção, Fogelman acerta a mão em seu protagonista mas peca ao explorar a fundo a relação de Danny com seus familiares, amigos e conhecidos. Existem diversas histórias secundárias, entrelaçadas no hotel em que o astro se hospeda para conseguir ficar perto de seu filho, sem nenhum destaque especial. Uma produção competente que vive as custas de um dos maiores atores da história do cinema.
NOTA: 6/10
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