Il capitale umano (Capital Humano, no Brasil) poderia muito bem ser uma novela mexicana. Existe um melodrama exagerado, personagens completamente estereotipados e uma vontade única de surpreender o espectador até o último minuto. Paolo Virzì entrega a seu espectador uma confusão na tela e utiliza o artifício de histórias paralelas para tentar sair por cima diante dos diversos furos e da péssima estruturação de seu guião. Adaptado da obra homônima de Stephen Amidon, a liberdade tomada pelo diretor para dar um ar mais despojado não convence.
Após uma elegante festa, um dos garçons se despede de seus colegas e pega sua bicicleta para retornar para casa. No trajeto, o homem é atingido por um carro – e morre dias depois no hospital. Após esta introdução, um flashback de seis meses: Dino (Fabrizio Bentivoglio), é um agente imobiliário que busca enriquecer a todo custo. Ao largar sua filha,Serena (Matilde Gioli), na casa do namorado, Massimiliano (Guglielmo Pinelli), ele fica próximo do pai do rapaz, Giovanni Bernaschi (Fabrizio Gifuni), que detém um grande fundo de investimentos que promete retorno de 40%. Dino não tem dúvidas ao pedir um empréstimo de 700 mil Euros ao banco e entrega a fortuna nas mãos de seu mais novo amigo. O roteiro começa a repetir a história ao tratar a história de cada um dos protagonistas apresentados, até que o desfecho do acidente da cena inicial seja resolvido. Carla (Valeria Bruni Tedeschi), mulher de Giovanni, preocupa-se em restaurar um teatro, ao mesmo tempo que o relacionamento de Serena e Massimiliano começa a dar sinais de desgaste, especialmente após a moça se envolver com outro homem. O quarto capítulo é a amarração de toda a história, e traz uma conclusão insatisfatória, tomando em conta o potencial da história original.
O sucesso do filme na Itália é compreensível, já que mostra em um tom aceitável a ganância da elite em tempos de profunda crise econômica. A divisão por capítulos não ajuda e a boa fotografia não é o bastante para limpar os constantes problemas de continuidade (deixados de lado em torno de uma história diferente da proposta por Amidon).
NOTA: 4/10