Certamente o fã de cinema europeu já ouviu falar em Pusher. Um dos filmes cults mais comentados produzidos no velho continente na década de 1990, a produção dinamarquesa apostou no humor negro recheado de referências a clássicos de Scorsese e Cassavetes, bases para o diretor Nicolas Refn.
Frank (Kim Bodnia) é um traficante popular na sua região. Certo dia, ao negociar a venda de 200 gramas de heroína para um cliente sueco, a polícia acaba interceptando o carro em que a negociação era feita. Desesperado, ele sai correndo com o pacote debaixo do braço e vai direto para um rio se livrar da droga, escapando da prisão em flagrante. No entanto, seu chefe não engole a história e passa a cobrar o dinheiro da negociação. É então que, de uma hora pra outra, Frank se torna um homem marcado para morrer. Ao tentar conseguir arrecadar o dinheiro para se livrar das mãos de seu chefe, ele se torna cada vez mais violento no cenário underground de Copenhaga.
O sucesso de Pusher está diretamente ligado a forma como o protagonista domina a tela. Com fotos de Tony Montana e de Jake La Motta coladas no espelho, não é de se estranhar a forma como Frank age. Sua tranquilidade dá lugar a uma violência sem limites. Essa bipolaridade forçada, o medo de morrer e suas delicadas relações com amigos deixam o cenário ainda mais imprevisível.
O filme só foi lançado nos Estados Unidos três anos depois, e os críticos não engoliram o final, que é justamente o ponto alto deste longa. Acredito que a régua do gênero crime nos Estados Unidos jamais pode ser aplicada para filmes como este. Pusher é uma experiência única, que se assemelha em certos momentos a obras primas do cinema e se distancia ao usar uma identidade própria, especialmente no roteiro.
Como curiosidade, Pusher também marca a primeira atuação de Mads Mikkelsen em um longa metragem (mais tarde ele voltaria para ser o protagonista da sequência, lançada em 2004).
NOTA: 7/10