Underworld (Paixão e Sangue, no Brasil) é considerado o primeiro filme sobre gangsters da história do cinema. Dirigido por Josef von Sternberg e vencedor do Oscar de melhor roteiro na mesma edição que premiou Sunrise e Wings, a história aborda a vida de ‘Bull’ Weed (George Bancroft), famoso e milionário homem da máfia que acaba preso após matar um velho rival (Fred Kohler) que atacou sua mulher (Evelyn Brent). Bull é julgado e condenado ao enforcamento, mas sua ira aumenta após pensar que seu velho empregado “Rolls Royce” Wensel (Clive Brook) pode estar dormindo com sua amada. Ao mesmo tempo em que Bull planeja sair da prisão e matar Wensel, sua mulher e seu empregado decidem atuar para conseguir a libertação de Bull horas antes de sua morte.
Já falei sobre a questão dos filmes mudos em outros posts, mas acho que devo repetir aqui alguns itens: não existe parâmetro para comparação deste tipo de filme. Por mais que você possa dizer que ele serviu de inspiração para um bocado de produções, ele foi único e pioneiro dentro de seu gênero. Pela primeira vez Hollywood viu nas telas um gangster distribuindo dinheiro, as tradicionais “festas diabólicas” organizadas pela máfia e o principal: muitos tiros. Como de costume nesta época, o foco das tomadas está na expressão facial dos atores. George Bancroft se destaca pela raiva, enquanto Clive Brook mostra certa tranquilidade. O tom perfeito para distinguir a emoção e a racionalidade. A cena final do filme traz um grande conflito ético para o protagonista. Obviamente não vou entregar o final de bandeja, mas a tomada foi muito elogiada pelos críticos de cinema da época, muito pelo fato de ser algo inédito até então.
Com uma direção limpa e moderna, o longa de von Sternberg merece uma chance para os fãs de filmes sobre a máfia. Um grande filme mudo, com atuações de primeiro nível. Seu legado marcou a produção do chamado “triunvirato dos filmes gansters” – Little Caesar (1931), The Public Enemy (1931), e Scarface (1932)
NOTA: 7/10
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