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Jungfrukällan/The Virgin Spring (A Fonte da Donzela) – 1960

Ingmar Bergman ganhou seu primeiro Oscar com esta cruel e supersticiosa obra que explora a relação entre religião, maldade e vingança na Suécia do século XIV. Karin (Brigitta Petersson), filha de um rico proprietário de terras chamado Töre (Max von Sydow), vai para a Igreja com um vestido especial, feito por quinze virgens. Mas ao atravessar a floresta ela é estuprada e brutalmente assassinada por três pastores, que buscam refúgio justamente na casa da família da moça. Baseado em uma popular balada medieval sueca, o filme causou grande polêmica na época de seu lançamento pelas chocantes cenas da morte da jovem Karin (fato que custou a Bergman a Palma de Ouro em Cannes).

Os tradicionais testes de fé do diretor não poderiam deixar marcar presença neste filme. Töre é apresentado como um cristão linha dura, preso nas ritualísticas de seu tempo. Sua relação com sua serva pagã não é das melhores, e a moça amaldiçoa Karin colocando um sapo no meio de um pão, um ato de bruxaria que levaria a jovem pagã a se considerar culpada pelo destino da filha de Töre.

camerawork de Bergman é muito diferente. Arrisco-me a dizer que nenhum outro diretor teria a coragem de trazer as telas um contraste tão grande entre certas imagens. Após saber que os homens que estão abrigados em sua casa foram os responsáveis pela morte de sua filha, por exemplo, Töre derruba uma Bétula com suas próprias mãos (foto) e utiliza seus galhos em uma espécie de “banho de justiça”. Os closes em Max von Sydow mostram não só a dor que o pai sente, mas também a convicção de fazer justiça com as próprias mãos. Estes pequenos detalhes, que talvez só sejam percebidos após assistir o filme pela segunda vez, comprovam o cuidado e a atenção do diretor com questões éticas. Fica para o espectador a pergunta: porque o pai deixou sua fé de lado e preferiu atacar os três pastores? Sua crença e confiança em Cristo não era forte o bastante? O que você faria? A última cena é bastante reveladora, e responde parcialmente a estas perguntas.

O filme é realmente chocante. Uma obra prima que influenciou Wes Craven em seu primeiro longa,The Last House on the Left. Com uma atuação extraordinária de von Sydow e um roteiro beirando a perfeição, recomendo para os fãs do diretor sueco.

NOTA: 8/10

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