Este ano o Oscar de melhor documentário tem na disputa dois trabalhos que tratam sobre a vida de fotógrafos. Um deles é The Salt of the Earth, que trata sobre o brasileiro Sebastião Salgado – reconhecido internacionalmente. Finding Vivian Maier (A Fotografia Oculta de Vivian Maier, no Brasil) trata sobre uma desconhecida mulher que teve milhares de fotos expostas para o mundo inteiro após um jovem descobrir, por acaso, seu trabalho.
O ambicioso John Maloof precisava de fotos de sua cidade natal, Chicago, para realizar seu sonho de montar um trabalho de compilação fotográfica da zona em que nasceu. Em uma visita a uma casa de leilão, John encontrou uma caixa enorme, cheia de negativos e que surpreendentemente pareciam intocáveis. O investimento de 400 dólares seria a decisão mais certa de sua vida. Aos poucos mais caixas e mais detalhes sobre a vida da então desconhecida Vivian Maier foram adquiridas, e seu legado de mais de 150 mil fotos aos poucos caiu na boca do povo, apesar da negativa dos principais centros de fotografia e arte dos Estados Unidos em armazenar o material.
A grande vitória deste documentário é reconstruir os passos de Maier e buscar entender a essência da natureza de uma mulher estranha. A pergunta que toma conta de toda exibição é: por qual motivo esta senhora nunca tentou mostrar seu trabalho? Fora isto, quanto mais vamos conhecendo sua trajetória mais ficamos interessados em descobrir se ela tinha o pensamento de expor seu trabalho ou pretendia guardar para si própria. Fica evidente que ela tinha o dom da fotografia de rua, buscando caras e bocas de pessoas caricatas na cidade de Chicago. Apesar de se interessar por política, seu principal foco era o pitoresco, o fora do comum. Sua imensa coleção de jornais e os pertences acumulados por várias décadas são levados as telas junto de entrevistas de quem conviveu com Vivian. A mulher que trabalhou durante toda sua vida como babá deixou sua marca em várias pessoas. As principais lembranças são de Vivian caminhando pelas ruas (ou melhor, marchando) com sua Rolleiflex pendurada no pescoço e filmando as atividades cotidianas. Os poucos detalhes pessoais e seu sotaque francês – que um pesquisador diz ser falso – tornam a história ainda mais difícil.
Uma pessoa com problemas mentais que tirava foto de tudo o que via pela frente ou uma mulher incompreendida? A busca por respostas sobre quem foi Vivian Maier é feita de forma muito satisfatória, explorando todos os campos possíveis e cumprindo a receita básica para um documentário de sucesso. Maloof divide os créditos de direção com o produtor Charlie Siskel, conhecido por Bowling for Columbine. Para quem se interessar e quiser conhecer mais sobre o trabalho de Vivian Maier, clique aqui para acessar o site com algumas de suas principais fotos.
NOTA: 8/10