Muito antes dos super heróis receberem orçamentos milionários, Tim Burton convenceu a Warner e a Polygram que precisaria de, no mínimo, 30 milhões de dólares para poder tocar um projeto aceitável de Batman. A ideia para colocar Bruce Wayne no cinema veio desde o final da década de 1970, quando a popularidade do homem morcego despencou após uma série de problemas internos na DC Comics. Um projeto inicial foi oferecido em 1979 – e só seria concluído uma década depois, após a versão que seria lançada em 1983 ser cancelada por conta dos problemas de roteiro e financiamento. O sucesso de Burton com Pee-wee’s Big Adventure foi fundamental para estabelecer uma relação de confiança da Warner com o diretor. Se no primeiro projeto da Warner o filme do Batman receberia apenas 10 milhões de dólares, aos poucos a ideia de que o longa se tornaria um sucesso mundial caso houvesse um investimento (na época, arriscado) passou a tomar a cabeça dos homens de Hollywood. Após a produção ser iniciada, a greve dos roteiristas em 1988 mudou o rumo da história levada ao cinema – e, consequentemente, adicionou mais vinte milhões de dólares ao projeto.
O roteiro trata sobre a história do milionário Bruce Wayne, que todos nós conhecemos. Ao combater os vilões de Gotham City, a chegada de Joker/Coringa vira um grande desafio para o herói conseguir manter a estabilidade. Com uma maquiagem destacada para a época e uma direção de arte impecável (vencedora do Oscar de 1990), a mão de Burton é nítida em cenas mais escuras e que visam dar um ar de suspense. No entanto, a quase que invencibilidade de Batman tira qualquer tipo de credibilidade aos poderes dos vilões. algo que Christopher Nolan levou em consideração mais tarde com sua trilogia.
Entendo que o sucesso deste filme esteve diretamente associado a figura de um vilão com muito mais reconhecimento do que o protagonista. A interpretação de Jack Nicholson como Joker está na minha lista como a melhor atuação já feita em um filme deste tipo. Seu envolvimento com o personagem é nítido, algo que Heath Ledger mais tarde chamaria a atenção e destacaria como sua inspiração para sua memorável e premiada encarnação do mesmo personagem em The Dark Knight. Michael Keaton, por sua vez, enfrentou todo o tipo de preconceito possível por parte de alguns produtores (muitos consideravam que um ator do gênero comédia não passaria a segurança necessária para o público) e conseguiu fazer seu papel com muita tranquilidade e confiança.
Para os fãs, recomendo a aquisição do Blu Ray lançado em 2009, na edição comemorativa de vinte anos. Entre os vários extras, a trilha do filme com comentários de Burton é essencial para entender quais foram suas inspirações para ambientar Gotham, suas opções e o motivo pelo qual Robin não foi aproveitado neste longa. Longa essencial para Hollywood entender a necessidade de realizar grandes investimentos nos filmes de super heróis, Batman alterna entre uma boa produção e uma história que poderia ser mais sucinta e menos arrastada.
https://www.youtube.com/watch?v=HlsM2_8u_mk
NOTA: 7/10