Futatsume no mado (O Segredo das Águas, no Brasil) é lindo. Direção de arte muito boa, fotografia bela, ótimas tomadas que dão destaque para a proposta mencionada no título. O problema é analisar a união das imagens com a história contada através delas. Naomi Kawase causou certo impacto quando chegou à Cannes, no último ano, e citou que este longa foi o melhor trabalho de sua carreira, algo como o sonho colocado no papel, sua magnum opus. Se tal afirmação é verdadeira caso compararmos Futatsume com o restante de sua filmografia – não é a nova maravilha ou a obra revolucionária que sua diretora imagina ser.
Em uma pequena ilha japonesa, o jovem Kaito (Nijiro Murakami) encontra um corpo de um homem tatuado boiando no mar. Esta visão passa a atormentar sua vida e traz problemas em seu relacionamento com sua colega, Kyoko (Jun Yoshinaga). O namoro dos dois passa por segredos e desafios da vida. A perspectiva existencialista toma conta e é levada para as telas de maneira lenta, como de arrasto.
Durante toda a exibição é impossível criar laços com algum personagem. Isto ocorre por dois motivos: o toque da história, baseado como que em forma de documentário e a tentativa frustrada de se posicionar como uma fonte de reflexão da vida e da morte. Ora, se ao menos tivéssemos alguma inspiração seria o primeiro a dar todos os créditos a esta brilhante ideia, mas não se pode ju
A ambiciosa diretora – que inscreve todos os seus filmes em Cannes, como se fosse um concurso de colégio – infelizmente perdeu seu traço poético para se tornar uma pensadora de questões vazias e de soluções abertas.
O filme estreia nesta quinta-feira (15) nos cinemas de todo o país.
NOTA: 3/10