Deux jours, une nuit (Dois Dias, Uma Noite, no Brasil) é simples e eficaz.
Sandra (Marion Cotillard) sofre com uma série de crises nervosas. Durante alguns meses, ela ficou afastada de seu trabalho por conta deste problema, que atinge, por tabela, todos os membros de sua família. Ao querer tomar de volta sua posição, ela descobre que seu chefe ofereceu um bônus de mil euros para os outros dezesseis trabalhadores da fábrica de painéis solares caso eles trabalhassem algumas horas a mais por dia para cobrir a vaga de Sandra. Isto se torna um problema após o gerente do negócio fazer os empregados decidirem entre receber o benefício ou aceitar sua colega de volta no serviço. Temendo o desemprego, Sandra começa uma jornada na casa de cada um de seus colegas para implorar pelo seu trabalho – e conseguir manter sua família em um padrão de vida confortável.
Se você conhece os irmãos Dardenne, já deve estar acostumado a ver que seus filmes são recheados de desconhecidos. Eles apostam em atores iniciantes ou em habitantes da região em que rodam seus filmes para dar uma maior credibilidade ao seu espectador de histórias que envolvem o dia-dia de pessoas normais. Aqui não é diferente. A única grande estrela Marion Cotillard toma conta das atenções e brilha por conta de sua personagem tão problemática e – ainda assim – cativante.
O roteiro é extremamente simples, e não prevê nenhuma surpresa. A jornada de Sandra para convencer seus colegas é mostrada no período mencionado no título e não existe qualquer tentativa de prolongar e/ou modificar esta premissa para cumprir um objetivo secundário, ainda que ele existe de maneira oculta por abranger a personalidade da protagonista. A tomada das cenas é idêntica a de um road movie, e, mesmo que a fotografia não seja um ponto forte, a suave edição coloca o espectador como um observador privilegiado do drama de Sandra, como se estivéssemos sempre atrás da personagem de Marion para dar suporte a ela.
Fiquei completamente chocado com mais um esnobe da Academia aos irmãos Dardenne. Infelizmente, não consigo entender o motivo pelo qual seus filmes não agradam o pessoal de Hollywood. Na minha cabeça, passo a formular uma teoria que pensa que os Dardenne exploram micro-histórias com um toque de roteiro lento que não agrada nem um pouco os americanos. Por ser um filme que concorreria ao Oscar de língua estrangeira, isto provavelmente deve acabar com qualquer possibilidade de nomeação de Marion Cotillard ao prêmio de melhor atriz. Como já citei aqui no site, se os candidatos estrangeiros estivessem nas mesmas condições de disputa que os americanos nas categorias de melhor atuação, certamente teríamos várias mudanças significativas no histórico de premiação. O Oscar de melhor atriz premia atrizes cujo filmes estavam em língua inglesa. A exceção recente a esta regra é justamente Marion Cotillard, que venceu o Oscar com La môme. A esperança desta maravilhosa atriz está no fato que seu filme também não foi indicado ao Oscar de melhor longa estrangeiro, e ainda assim, ela levou o prêmio.
Uma das melhores atuações de 2014!
NOTA: 7/10
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