Por conta de sua excelente participação em La grande bellezza, Toni Servillo já é considerado o melhor ator italiano de nossos tempos. Em seu último filme, Viva la libertà (Viva a Liberdade, no Brasil), a escolha do gênero não foi favorável, já que a comédia se aproxima muito do que é produzido nos Estados Unidos. O filme busca adaptar uma fórmula básica de humor visando tratar de forma superficial o contexto político italiano com o objetivo final de arrancar algumas risadas.
Servillo interpreta Enrico, um político que sofre com sua brusca queda de popularidade. Sem nenhum apelo popular, ele decide sumir de uma hora pra outra ao buscar refúgio na França junto de sua ex-namorada, Danielle (Valeria Bruni Tedeschi), e de seu marido Mung (Eric Nguyen) .Para evitar problemas com o partido e evitar um desastre ainda maior nas eleições que estão para ocorrer, o assessor Andrea Bottini (Valerio Mastandrea) surge com uma brilhante ideia: colocar no lugar do político seu irmão gêmeo, Giovanni (também interpretado por Servillo), professor e pensador que recém saiu do hospício.
Algumas partes do longa me lembraram vagamente o clássico Being There (1979), onde as falas do protagonista são descontextualizadas e fecham perfeitamente com as cenas. Neste caso, Giovanni abusa de discursos com palavras bonitas – ainda que sem sentido político – e vira um verdadeiro populista: abraça o povo, tira fotos, faz questão de cumprimentar a todos e está sempre com um belo sorriso na boca.
O maior pecado do roteiro é de perder toda sua essência para mostrar uma história boba e atrapalhada. A história não passa a mínima credibilidade. O diretor Roberto Andò, também responsável pelo roteiro, tem culpa no cartório – já que pensou primeiro em uma película comercialmente rentável do que algo tipicamente italiano. A Liberdade da qual o título faz referência é tratada de forma abstrata em algumas cenas onde é notório ver o contraste de Enrico e Giovanni. Considero que Viva la libertà teve a chance de ouro de mostrar o quanto uma pessoa pode mudar seu comportamento em um refúgio, talvez puxando a comédia para um lado dramático obscuro. O uso da banda sonora de Verdi não faz jus a péssima utilização de seu ator principal.
NOTA: 4/10