O ser humano usa apenas 10% de sua capacidade cerebral. Mais do que uma afirmação falsa, este pensamento virou uma verdadeira lenda urbana – especialmente após o advento da internet. O que mais me preocupa, no entanto, é a compra desta mentira pela indústria cinematográfica de Hollywood, que volta e meia aparece um uma história deste tipo. Recentemente, o filme Limitless fez sucesso com um roteiro baseado na ideia de que um humano normal utilizava apenas 20% do que podia – e o desenrolar do longa se dava através da criação de uma droga para expandir a inteligência.
Lucy poderia ser um ótimo filme de ficção caso não tivesse se apegado tanto neste mito. O diretor Luc Besson conseguiu trazer ótimos efeitos especiais para as telas, e não deixou sua obra vulgar. Scarlett Johansson interpreta Lucy, uma mulher comum que acaba sendo capturada por integrantes da máfia. Ela vira uma “mula” (termo para designar as mulheres que carregam drogas dentro de seu organismo) e recebe em seu corpo uma grande quantidade de uma nova droga sintética. Mas para a surpresa de todos, Lucy aos poucos se transforma em algo que vai além da compreensão do ser humano. Ela tenta desesperadamente pedir ajuda ao professor mais respeitado na Academia no ramo da neurologia (Morgan Freeman) – ao mesmo tempo que os mafiosos querem sua cabeça.
Se o jogo de cenas é bastante agradável, o mesmo não se pode dizer do toque do roteiro. Cada vez que Lucy expande suas capacidades mentais em 10%, seus poderes aumentam. Até os 50% temos “novos poderes” aceitáveis, mas depois fica claro que a correria e a pressa para acabar o filme acabaram comprometendo todo o roteiro.
Se o final não agrada, a decepção parece ser um pouco maior para os críticos. No começo do ano o filme foi apontado como provável candidato ao Oscar. Se eu já não acreditava em tal possibilidade por conta do passado recente de Bresson (que tem em seu currículo o ótimo Leon – 1994), agora menos ainda.
NOTA: 5/10