Todo país tem uma lista de filmes conhecidos mundialmente. Quando se fala de República Tcheca, a maioria cita Otesánek, mas poucos foram os que realmente já assistiram a este longa dirigido por Jan Svankmajer. E digo isto com um sentimento de alívio, já que por muito pouco não cancelei a exibição do longa neste mês. O filme nunca foi lançado no Brasil e existem poucas cópias legendadas em inglês. Tive sorte para conseguir uma de boa qualidade para fazer a análise deste belo longa.
Jan deixa de lado a técnica stop motion como o elemento central de seu longa para apostar em um roteiro surreal, baseado no folclore de seu país. Um jovem casal enfrenta a dor de descobrir que não podem ter filhos.Para confortar sua esposa, o homem corta um galho de árvore no formato de uma criança. Só que ele não esperava que sua parceira levasse a ideia tão a sério, e muito menos que o inofensivo galho de árvore fosse virar uma espécie de monstro.
O filme envolve alguns temas polêmicos, como a pedofilia, mas consegue a proeza de não perder por um segundo sua essência. O tempo passa rápido a medida que a plateia busca por mais informações sobre a aparente loucura do casal (mais tarde justificada pela preocupação de seus vizinhos e pelos aparentes problemas que o galho de árvore criado como um bebê real passa a causar). O surrealismo está lá, mas não de uma forma solta e totalmente abstrata: o folclore bizarro cria um sentimento de realidade e profundidade muito proveitoso.
O stop motion é utilizado para animar o “bebê”, que protagoniza cenas dignas de filme de terror. O triunfo da criatividade do tcheco falou mais alto, especialmente por considerarmos o baixo orçamento envolvido. Vale conferir!
NOTA: 7/10