Caros leitores. Chegando bem perto do lançamento de Sin City: A Dame to Kill For, acredito que a crítica de um dos filmes mais discutidos da década passada deve ser publicada.
Tudo o que girou em torno da produção dirigida por Robert Rodriguez (com a participação de Tarantino em uma tomada) foi alvo de discussões. Afinal, os quadrinhos noir lançados em 1991 por Frank Miller conquistaram um fiel público. O resultado final agradou a todos: orçado em quarenta milhões de dólares, o filme quadruplicou seus números e deu a Dimension um dos melhores resultados de sua história.
O filme traz três contos The Hard Goodbye, The Big Fat Kill e That Yellow Bastard, junto com uma introdução de dois tempos (que começa e acaba o longa). Mickey Rourke ressurgiu para o cinema americano após interpretar o durão Marv, que busca vingança pela morte de uma prostituta. Por conta da imersão poporcionada, esta, sem sombra de dúvidas, é a melhor passagem de Sin City. Na segunda história, o espectador é convidado para acompanhar a guerra urbana entre prostitutas e policiais corruptos, com a adição de um justiceiro (Clive Owen) que, na tentativa de colocar Jackie Boy (Benicio Del Toro) em seu devido lugar, acaba piorando tudo.
That Yellow Bastard foi o mais controverso (e violento). Hartigan (Bruce Willis) passa oito anos na prisão após impedir que um pedófilo (filho de um influente político) acabe com a vida de uma pequena criança – e acaba sofrendo as consequências de seu ato. Após ser libertado, ele descobre a menina agora é uma stripper (Jessica Alba). Só que o pedófilo (agora desfigurado) busca consumar o ato de oito anos atrás a todo custo. A introdução, chamada The Customer Is Always Right, com a presença de Josh Hartnett, conta brevemente sobre um assassino de aluguel e seu breve encontro com sua vítima (tudo parece ficar mais claro na última cena do filme).
Mas qual foi a receita para tamanho sucesso? Na minha visão, a proposta de manter a estética parecida com a do HQ a partir da técnica Shot-for-shot foi um ótimo começo. Mas de nada adianta ter um filme bonito nas mãos e, ainda assim, ter um roteiro precário. Por este motivo, Frank Miller teve o maior cuidado para evitar fazer deste um novo Robocop 2 ou Robocop 3, massacrados pela crítica americana (e que colocaram em cheque o futuro de Frank no cinema). Não apenas a caracterização é excelente, mas a ausência do fator humano também cria um ambiente onde tudo pode acontecer. A pistola descarregada em uma pessoa pode não ser o suficiente para levar a morte em uma cena, mas um tiro ainda tem o poder de tirar a vida.
Aliás, a brutalidade das mortes é algo que também chama a atenção. Não vou avançar muito, por acho que este é um ponto interessante para análise, especialmente para quem nunca viu este longa, mas para considerar alguém fora da história, você realmente deve ver tal pessoa em pedaços (literalmente). O ambiente noir é sensacional. Espero que a segunda parte mantenha o alto nível.
NOTA: 8/10