Queridos leitores.
Em primeiro lugar, gostaria de agradecer as mensagens que recebi por conta do mês dedicado ao grande Kusturica. Foi muito legal interagir com vocês! Hoje começamos o especial de Jean-Luc Godard. E nada melhor do que trazer seu primeiro filme À bout de souffle (Acossado, no Brasil), para análise.
Marco importante para a popularização da nouvelle vague, o primeiro filme de Godard é considerado por vários críticos como seu melhor. Roger Ebert, por exemplo, dizia que a revolução feita pelo francês neste longa foi tão grande que uma geração inteira de cineastas franceses seria formada tendo como base os jump cuts e o toque de roteiro propostos. Jean-Paul Belmondo dá vida a Michel Poiccard, um criminoso que não pensa em seus atos. Após roubar um carro e matar um policial, ele sai correndo para se refugiar na casa de Patricia Franchini (Jean Seberg), que demora para perceber os problemas em que seu amado está metido.
Entre as várias cenas gravadas na cidade de Paris, a utilização de intertítulos e algumas quebras da quarta parede marcam o estilo que seria aperfeiçoado nos filmes seguintes, que também iremos discutir aqui no site. O roteiro do filme foi escrito de forma bastante curiosa: Godard escrevia as cenas ao tomar café e repassava para seus atores apenas na hora das filmagens. O resultado foi excelente, já que os protagonistas improvisaram bastante e deram muita autenticidade a história. O resultado pegou de surpresa o ator Jean-Paul Belmondo, que considerou que improvisou tanto que jamais o longa seria lançado com aquelas cenas.
A técnica dos “jump cuts” foi utilizada pela primeira vez aqui. Na edição final do filme para o cinema, Godard notou que seu filme não estrava “esteticamente atrativo” já que algumas cenas eram demoradas e demasiadamente lentas. Ele então decidiu cortar os fragmentos que não fariam falta para a compreensão final da história e apostou em uma boa recepção do público, o que de fato aconteceu.
Chamo a atenção também para os cameos de Jean-Pierre Melville e do próprio Godard. Um diamante do cinema!
NOTA: 8/10