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Jersey Boys (Jersey Boys: Em Busca da Música) – 2014

Quando Clint Eastwood apareceu apoiando Mitt Romney e tirando com a cara do presidente Barack Obama na Convenção Republicana de 2012, a única certeza que eu tinha na minha cabeça era de que um dos velhinhos mais famosos de Hollywood jamais voltaria a ver um Oscar por perto, não importando a qualidade do seu filme. O pessoal da Academia – maciçamente democrata – criticou abertamente Clint e sua visão “conservadora” de fazer política.

Até assistir Jersey Boys (Jersey Boys: Em Busca da Música, no Brasil) considerava Eastwood como um daqueles diretores que jamais abririam mão de seu estilo para buscar uma improvável renovação no fim de carreira. Engano meu. Neste bonito musical produzido pela Warner, não apenas é possível notar a já comprovada paixão de Clint pela música, mas também uma interessante proposta narrativa – diferente de tudo o que ele já atuou, produziu e dirigiu.

Na década de 1950, o grupo Four Seasons virou febre nos Estados Unidos. A banda foi organizada por Tommy DeVito (Vincent Piazza), que vivia fazendo bicos para o mafioso Gyp DeCarlo (Christopher Walken) nas ruas de Nova Jersey. Gyp se encanta pelo jovem Francesco Castelluccio (John Lloyd Young), que estava prestes a tomar o rumo do crime se não fosse sua linda voz. Ele se proclama Frankie Valli, e começa a tocar nos bares junto de DeVitto e Nick Massi (Michael Lomenda). O grupo passa por várias dificuldades até que o jovem Joe Pesci (sim, o ator Joe Pesci!) sugere a entrada de Bob Gaudio (Erich Bergen), um genial escritor sem vícios que logo cria sucessos que despontam nas paradas musicais estadunidenses.

Vincent Piazza, guardem este nome. O ator que interpreta Tommy DeVito nos brinda com uma atuação de alto nível. Confesso que ao ver o casting fiquei bastante decepcionado pela falta de uma grande estrela, suprida em parte com a entrada de Christopher Walken no papel do mafioso Gyp. Todo elenco foi seguro e se mostra muito a vontade nas cenas musicais, bem aproveitadas a partir dos altos e baixos da banda e com uma narrativa despojada, onde geralmente Piazza aparece como uma espécie de narrador consciente do futuro, comentando sobre a trajetória sua e de seus amigos já consciente dos seus deslizes – que inclusive envolveram a máfia.

O único ponto fraco é a falta de foco. Em algumas cenas, a vida pessoal de Frankie Valli é tratada como se estivéssemos em sua cinebiografia. DeVitto é abandonado no quarto final do longa e só retorna na última cena. Quero deixar claro que, quando falo isto, não quero desmerecer a equipe de produção, que certamente teve seus motivos para fazer tal opção, mas não entendi o porque não abordar os acontecimentos da década de 1970 e 1980, mesmo com a mudança da formação clássica.

No geral, a experiência de Jersey é bastante satisfatória. Poucas vezes vi no Brasil todas as pessoas de uma sessão sentadas até a rolagem final de todos os créditos. Não é todo mundo que perderia a chance de ouvir mais um pouco desta música de primeira qualidade e contagiante, não é mesmo? É difícil errar quando se tem “Sherry,’’ “Big Girls Don’t Cry’’ e “Walk Like a Man,’’ na mão.

NOTA: 8/10
IMDB

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