Det regnar på vår kärlek (Chove Sobre Nosso Amor, no Brasil) mantém um padrão muito próximo ao que Bergman apresentou em seu primeiro filme, Kris. É visível a influência do teatro na história contada pelo diretor sueco.
David (Birger Malmsten) acabou de sair da prisão. Maggie (Barbro Kollberg) esta desesperada a procura de um lar após se envolver com um homem e engravidar. Eles não tem nada em comum um com o outro, a não ser o fato de estarem esperando por um trem em uma chuvosa noite. Após uma abordagem inicial, David convence a moça a trocar suas últimas moedas por uma hospedagem em um hotel da região, no qual os dois se aproximam ainda mais.
Mantendo o padrão do cinema da época, a história começa bem e apresenta os graves problemas do casal logo nos minutos iniciais: eles não podem viver uma real história de amor devido à desconfiança dos moradores da região sobre a figura de David. Como se não bastasse, um idoso charlatão tenta se aproveitar ao máximo dos escorregões do homem para o manter preso em um contrato de aluguel pra lá de confuso. Maggie, por outro lado, apresenta seu futuro comprometido por conta de um bebê indesejado que pode lhe render inúmeros problemas com o governo de seu país.
Neste período de sua carreira, Bergman não conseguia dar a direção para um filme sem o auxílio dos intertítulos. Por conta disso, a sensação de progressão é limitada a uma placa apresentando a chegada do inverno, por exemplo. Outra grande diferença entre este filme e suas obras mais clássicas foi a busca por um final feliz para justificar o drama apresentado ao espectador. Ingmar apostou em um personagem que frequentemente quebra a quarta parede e se dirige diretamente ao público para opinar e interferir no rumo da vida do jovem casal.
Enquanto o longa é um tapa na cara da burocracia sueca, apresentada em seus mais variados níveis. A seleção do elenco – que manteve o padrão de Kris e adotou jovens atores do teatro – não compromete o filme, mas pode-se notar uma exagerada dose de melodrama nas caras e bocas do casal protagonista para emergir como os injustiçados de uma sociedade sedenta em afirmar um discurso bonito da boca pra fora. Birger Malmsten, amigo pessoal de Bergman, aproveitou seu espaço no filme e logo virou galã no cinema sueco.
Um filme bastante interessante para acompanhar o progresso de Bergman, mas que peca pela história e pela demasiada preocupação de dirigir o público para uma conclusão positiva.
NOTA: 6/10