Com um grande elenco, The Immigrant poderia facilmente ter figurado na lista dos últimos indicados ao prêmio da Academia. O filme de James Gray teoricamente fecha com o estilo de drama proposto pela AMPAS, mas algumas considerações podem ser feitas para descobrir o motivo do filme não ter agradado aos membros da Academia e ter seu lançamento adiado tantas vezes.
Boa parte da história da personagem do título do filme é contada através de um melodrama absurdo. Ao invés de explorar o lado psicológico, The Immigrant (Era Uma Vez em Nova York, no Brasil) busca apenas retratar a dor e o sofrimento da apagada Marion Cotillard, que interpreta Ewa, uma imigrante polonesa que busca a vida nos Estados Unidos. Desde sua viagem até o porto da Ilha Elis, em Nova York, ela é acusada de ser uma “mulher baixa” (por ter provavelmente se envolvido em algum escândalo sexual). Sua irmã é diagnosticada com tuberculose e ela se prepara para enfrentar a deportação até que conhece o misterioso Bruno Weiss (Joaquin Phoenix), um proxeneta que administra a vida de diversas mulheres e trabalha em uma casa do melhor estilo Ziegfeld Follies. Ewa se prostitui para conseguir dinheiro suficiente para tirar sua irmã da fila da deportação e pagar suas despesas médicas, mas a rejeição da parte da sua família que vive nos Estados Unidos complica ainda mais sua situação. Desesperada, ela conhece Emil (Jeremy Renner), primo de Bruno que criou uma grande rivalidade com o cafetão devido a relacionamentos passados, e toda situação torna-se ainda mais grave quando Emil se apaixona por Ewa e decide fugir com ela a todo custo.
Ambientado na década de 1920, é difícil não fazer elogios às vestimentas e aos cenários criados para esta produção. Mas até mesmo a bela fotografia em tons de sépia fica em segundo plano devido ao total descaso com o elenco de apoio. Jeremy Renner não consegue espaço, já que aparece apenas em um punhado de cenas. Sua participação no triângulo amoroso é demonstrada muito mais uma forma de desestabilizar Bruno do que pelos seus próprios sentimentos.
Enquanto Phoenix desenvolve de forma competente seu personagem, Cotillard fica presa a caras e bocas para demonstrar sua sofrida situação. Talvez não tenha sido a melhor solução, pois me passou uma mensagem muito próxima de 12 Years a Slave, onde os produtores tentaram arrancar uma lágrima do espectador a tudo custo. Por outro lado, a escuridão em torno da protagonista mostra um pouco sobre a dificuldade para viver o sonho americano em uma era onde aquela nação parecia ser a única que conseguiria prosperar. Uma pena que não exploraram mais sobre este tema.
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NOTA: 7/10