The Goldfinch (O Pintassilgo, no Brasil) é um bom exemplo de como um espetacular e complexo livro pode dar problemas na adaptação para o cinema, mesmo que o apanhado geral da história seja integral. A escrita de Donna Tartt privilegia uma narrativa que circula entre arte, amizade e maturidade – e o filme de John Crowley sofre por querer, de todas formas possíveis, aproveitar todos os assuntos do livro, ainda que de maneira superficial. Pior: a montagem de Kelley Dixon inverte situações, abusa de flashbacks e nunca convence o espectador ao forçar cenas para um gran finale muito abaixo do esperado.
O Pintassilgo é uma obra de Carel Fabritius, produzida em 1654. Durante uma exposição no MET, em Nova York, a pintura chama a atenção de Theo (Oakes Fegley – criança e Ansel Elgort – adulto) e de sua mãe. Mas um atentado terrorista acaba vitimando a mulher e cria uma situação extremamente difícil para o menino, que mora um tempo com a família de Samantha (Nicole Kidman) antes de morar com seu pai, Larry (Luke Wilson).
Ao transitar entre as dificuldades e gostos pessoais do garoto, desde a adaptação a uma nova realidade até sua amizade com um imigrante ucraniano, a grande questão em torno do filme circula sobre o destino da obra de arte – considerada perdida pelo museu após o atentado. O segredo que envolve Theo – guardado durante toda sua mocidade – tem impacto direto em seus relacionamentos, em sua profissão e em seus hábitos.
A grande dificuldade de Crowley é aproveitar todo seu elenco durante a longa duração proposta pelo filme. Nicole Kidman desaparece após trinta minutos de brilho. O casamento e um amor perdido que envolve o adulto Theo é um argumento melodramático que pouco acrescenta na história. The Goldfinch teria potencial para uma mini-série de três ou quatro capítulos. Ali sim seria possível explorar cada personagem do livro, explorar a importância da arte e as relações familiares existentes. Infelizmente este filme de duas horas e meia de duração cansa o público e deixa evidente o arrasto que ocorre na tela. Não existe justificativa para essa duração, já que o filme insiste na repetição de uma série de eventos e fica em uma questionável zona de conforto. Uma pena.
Crítica em vídeo:
NOTA: 6/10