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Greta (Obsessão) - Crítica do filme

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Greta (Obsessão) – 2019

Isabelle Huppert é uma das lendas vivas do cinema europeu. Para expandir a visibilidade e garantir a distribuição de Greta (Obsessão, no Brasil) – além de aproveitar de todo o potencial da atriz e da boa atuação de Chloë Moretz, a equipe comandada pelo diretor Neil Jordan decidiu criar uma Nova York “fake” – que, apesar de não comprometer totalmente o filme, certamente tira um pouco do brilho da trama, que acaba se contentando com tracking shots e inúmeras cenas fechadas para compensar a falta de investimento. O principal erro, no entanto, foi ter seguido a mesma base de Play Misty for Me (Perversa Paixão, 1971) e Fatal Attraction (Atração Fatal, 1987) – só que com pequenas armadilhas para despertar a atenção do público durante o desenrolar da trama, propondo uma conclusão “surpresa” que, dependendo da expectativa gerada, pode se tornar uma decepção.

Frances (Chloë Grace Moretz) descobre uma bolsa abandonada no metro de NY. Ela abre, descobre a identidade da dona e entrega pessoalmente para Greta (Isabelle Huppert) – uma solitária viúva que logo convida a jovem para um café. As duas rapidamente desenvolvem uma amizade – e Greta aos poucos se torna como uma mãe para Frances. Mas tudo muda quando um segredo é revelado – mostrando a obsessão de Greta.

A relação desenvolvida pelas duas atrizes funciona, mas é abalada pela ingenuidade do roteiro, que passa por dois momentos diferentes: durante a primeira hora de rodagem, Greta mostra suas diversas facetas e sua inteligência, atuando como uma boa antagonista. No entanto, logo depois existe uma clara tentativa de valorizar atos externos – fundamentais para a conclusão – com participação de outros personagens e, consequentemente, perda de prestígio da personagem de Huppert. Isso se dá pelo grande fechamento da narrativa apenas em torno das duas atrizes principais – e qualquer tipo de envolvimento durante boa parte do longa (polícia ou trabalho, por exemplo) – não gera credibilidade, o que pode ser atestado pela simples pergunta – “isso ocorreria mesmo no mundo real?”.

Outra pergunta pode marcar a produção: caso não tivesse duas estrelas no elenco, o projeto passaria pelo crivo de algum produtor para lançamento nos cinemas? Digo isso pois a simplicidade do desenvolvimento e a nítida falta de recursos me lembrou muito um filme B – atualmente alocados para serviços de streaming.

Greta, como filme, pode despertar o interessa de fãs de thrillers psicológicos, mas faz pouco para renovar o sub-gênero. Poderia até funcionar como sátira social, mas infelizmente toma um rumo diferente nos minutos finais – que não permite essa consideração.

NOTA: 6/10

IMDb

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