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Apollo 11 - Crítica do documentário

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Apollo 11 – 2019

Todd Douglas Miller entrou no Arquivo Nacional de Maryland com um objetivo: conseguir material para produzir um documentário sobre a Apollo 11. O pedido despertou a curiosidade dos arquivistas e Dan Rooney, chefe da divisão de filmes produzidos pelo governo estadunidense, liberou o acesso de vários materiais em 70mm inéditos até então – curiosamente encontrados após o pedido de Todd. O produto final da longa saga de obtenção de materiais, tratamento e produção pode ser testemunhada no espetacular Apollo 11, extraordinária produção da CNN Films com distribuição da Neon nos Estados Unidos.

Vejo dois caminhos para uma produção deste tipo: a primeira – tradicional – seria a de contar a história como uma narrativa comum, marcando o começo do projeto, as dificuldades e a glória da chegada à lua. A outra, talvez mais arriscada, seria de deixar toda construção para as imagens, apostando na força do conteúdo. E foi exatamente isso que o diretor Todd Miller fez.

Durante os noventa minutos de documentário, não existe nenhuma condução de um narrador. A única mediação das imagens com o público é feita por gráficos que ajudam a explicar termos técnicos e indicam os passos da missão. Em certas ocasiões, a marcante voz de Walter Cronkite mostra ao espectador como o estadunidense que assistia tudo na televisão recebia as notícias ao vivo. De resto, as tomadas espetaculares feitas em julho de 1969 encantam pela magnitude e exuberância.

O trabalho de reconstrução e resgate histórico merece louvor. Em uma época em que teorias da conspiração correm soltas, Apollo 11 surge como um trabalho sério que remonta a preparação da missão, a condução e todo o nervosismo e tensão de Houston. As imagens mostram a destreza e coordenação de Buzz Aldrin, Michael Collins e Neil Armstrong – da mesma forma que a grande expectativa dos estadunidenses (o registro do deslumbramento do público com a partida da missão é um mais fascinantes deste projeto).

É claro que a falta de contextualização torna-se prejudicial para aqueles que buscam uma experiência completa em um documentário. As falas dos presidentes Kennedy e Nixon – usadas aqui – parecem com pouco efeito uma vez que a corrida espacial não é mencionada, por exemplo. Por isso é importante registrar a necessidade de um mínimo de conhecimento prévio, já que o objetivo é de complementar o conhecimento, e não de ser uma forma de construção única deste.

Se o documentário merece todos créditos possíveis – e provavelmente será reconhecido nas premiações da temporada – é de se lamentar a falta de distribuição no Brasil, que deixa o público refém de algum contrato pontual com um serviço de streaming ou boa vontade de um canal por assinatura ou mesmo de um festival para exibição. De toda forma, devemos registrar que o trabalho de Miller merece elogios pela seriedade e por oferecer um material valioso para professores e curiosos. Aliás, uma versão reduzida do documentário será distribuída a partir do final do ano para museus que tratam do Programa Apollo.

NOTA: 8/10

IMDb

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