Uma história que é difícil de acreditar. Three Identical Strangers desperta a curiosidade justamente pelo desenrolar absurdo de um encontro de três irmãos – e pelos atos inesperados que levantam grandes discussões.
1980. Robert Shafran vai para seu primeiro dia na universidade, em Nova York, e percebe que todos começam a lhe cumprimentar. Quando as pessoas lhe chamam de Eddie, inicialmente ele fica confuso, mas logo percebe que pode ser um irmão gêmeo, especialmente pelo fato de ter sido adotado. A reunião de Robert com Edward Galland ganha a capa das revistas pela improbabilidade do encontro ocorrer – além de ampla cobertura televisiva. Mas o melhor estava por vir: quando David Kellman viu a reportagem da Newsweek, parecia que ele estava olhando para uma foto sua. Logo tudo ficou claro: eram trigêmeos, separados na maternidade e enviados para famílias de estilos de vida bem diferentes.
Three Identical Strangers inicialmente desenvolve sua história a partir deste grande encontro, retratando a aproximação dos irmãos. Aos poucos, no entanto, começa a mudar o eixo de argumentação, voltando sua atenção para o contexto em torno da separação dos irmãos e dos possíveis experimentos científicos feitos com eles durante a infância – algo que, teoricamente, só os nazistas pareciam mostrar interesse, dada a metodologia aplicada e discutida no documentário.
O diretor Tim Wardle sabe captar muito bem a emoção que gira em torno da tragédia que abala profundamente os irmãos. A mágoa e a tristeza dão combustível para a busca incansável pela verdade. Afinal, quais foram os experimentos? Por qual motivo eles foram enviados para famílias tão diferentes? Qual a influência destes testes na personalidade dos três?
São perguntas importantes e pertinentes, que são bem ilustradas pela recuperação de imagens de arquivo pessoal com aparições na TV e dramatizações feitas especialmente para esta produção.
O melhor de Three Identical Strangers? Saber que esta história deve ter se repetido com outras pessoas – que ainda não se conhecem. A relevância do documentário e o resgate desta história vem despertando curiosidade nos Estados Unidos e chama a atenção em torno das pessoas e instituições responsáveis pela adoção na área discutida no filme. Se a história já tem tons bizarros pela improbabilidade, quem sabe o documentário possa intermediar outras verdades e encontros no futuro? O primeiro passo, ainda que modesto, foi dado: a liberação parcial dos arquivos dos experimentos com os trigêmeos.
NOTA: 8/10
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