A diferença de 54 anos entre Mary Poppins e Mary Poppins Returns (O Retorno de Mary Poppins, no Brasil) diz muito. Contextos diferentes e preocupações diferentes. Neste intervalo de tempo, a dinâmica do cinema mudou totalmente. Por este motivo, era compreensível a preocupação dos fãs mais puristas que temiam por uma mudança do perfil da personagem principal para abraçar mais pessoas e conquistar os jovens. Confesso que temi pelo uso de fórmulas prontas – mas, neste caso, a Disney me surpreendeu positivamente.
Trabalhar a história de Mary Poppins pode não ser o maior dos desafios, mas existia uma responsabilidade enorme: o longa original teve atuações inesquecíveis de Julie Andrews e Dick Van Dyke – o que obrigava os produtores a ter em conta a estabilidade da protagonista, mantendo traços fortes e, ao mesmo tempo, dar atenção para as histórias de fundo e posicionar um coadjuvante de forma sólida.
Na conturbada Londres da década de 1930, Michael (Ben Whishaw) e sua irmã, Jane Banks (Emily Mortimer) – lutam para manter a posse da residência da família. Após a morte de sua esposa, Michael esqueceu de pagar um empréstimo ao banco – e o gerente de negócios William Wilkins (Colin Firth), usa todas táticas sujas possíveis para garantir que Michael tenha que entregar a casa. O curto período de tempo que os Banks têm para ir atrás do dinheiro coincide com a volta de Mary Poppins (Emily Blunt), que agora cuida dos filhos de Michael – Annabel (Pixie Davies), John (Nathanael Saleh) e Georgie (Joel Dawson). Com a ajuda de Jack (Lin-Manuel Miranda) – Jane e Michael correm pelas ruas da cidade atrás de opções, da mesma forma que tentam encontrar um papel que comprovaria ações de sua família no banco.
O filme prepara diversas surpresas para os fãs do longa de 1964 – com total destaque para a aparição de Dick Van Dyke. Destaco positivamente, neste caso, a essência de Mary Poppins Returns – que mantém um tom alegre que mescla a mesma composição narrativa do original seja entre números musicais ou no ato em desenho animado. A composição sonora é espetacular e também foi produzida tendo como base o filme de 1964.
A decisão de manter o banco como antagonista ainda é polêmica. Apesar de descarregar o peso na figura do personagem de Firth, existe uma crítica ao sistema que também pode ser verificada no original – mas nunca se desenvolve de forma satisfatória, talvez pela decisão de manter uma narrativa simples e direta.
O diretor Rob Marshall entendeu perfeitamente o material que tinha em mãos e isto foi essencial para a ótima atuação de Emily Blunt. Mary Poppins Returns é um grande filme, com um trabalho técnico de ponta e que colhe nesta temporada justas nomeações e desponta com possibilidade de conquistar importantes prêmios.
NOTA: 8/10
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