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Waldheims Walzer (A Valsa de Waldheim) – 2018

A história de Kurt Waldheim é extremamente interessante. Quando a Áustria anunciou que Waldheims Walzer (A Valsa de Waldheim, no Brasil) seria o candidato do país ao Oscar de melhor filme estrangeiro, tal ato foi visto como um forte indício de que o país tentaria fazer história ao buscar o prêmio de documentário e longa estrangeiro no mesmo ano. Como historiador, sinto que existe uma grande lacuna que precisa ser preenchida sobre a vida de Waldheim durante a Segunda Guerra Mundial, e tinha certeza que a produção dirigida por Ruth Beckermann faria esta discussão de forma precisa.  Mas confesso que me senti enganado quando notei que a preocupação de Waldheims Walzer é unicamente com o interesse político de Beckermann, que requenta uma história da década de 1980 para apresentar um documentário sem qualquer conclusão séria.

Waldheim foi um estadista muito popular entre as décadas de 1960 e 1970, ocupando o cargo de Secretário-Geral da ONU por dez anos. Em 1986 decidiu concorrer ao cargo de presidente da Áustria, e despontou nas pesquisas com uma ampla vantagem. No entanto, a World Jewish Congress pesquisou o passado de Waldheim e concluiu que ele mentiu sobre o nível de sua colaboração na Alemanha Nazista entre 1941 e 1943, justamente no auge das deportações. Ainda que as denúncias não tenham afetado a disputa presidencial (Waldheim ganhou no segundo turno com 54%) – discussões éticas foram levantadas, especialmente sobre a integridade do candidato.

Um documentário que se propõe a levantar uma pauta tão relevante envolvendo um Secretário-Geral da ONU, deveria, no mínimo, convocar historiadores para discutir a validade dos documentos e tratar sobre os “lapsos” de memória de Waldheim. Não foi nada disso que Beckermann fez, infelizmente.

Com a justificativa de que havia encontrado filmagens caseiras feitas por ela durante os protestos do Partido Socialista, que pedia a retirada da candidatura de Waldheim, Beckermann leva ao cinema um apanhado de recortes de tele-jornais e entrevistas do período. Com uma divisão temporal questionável, já que embaralha os fatos de 1986 com o passado de Waldheim, a diretora falha completamente ao sequer considerar a possibilidade de defesa de Waldheim, já que este contou com o apoio posterior do Papa João Paulo II e com um pedido formal de desculpas do então presidente austríaco Heinz Fischer.

É uma pena que Waldheims Walzer opte pelo caminho da perseguição política ao invés do uso de uma metodologia séria para tratar sobre sua possível participação no Holocausto. São questões em aberto e válidas para entender melhor quem foi Waldheim. Beckermann, no entanto, clama que seu espectador faça um julgamento em cima de um material tendencioso do período da polêmica, desconsiderando o panorama político do período. Uma pena.

NOTA: 4/10

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A Valsa de Waldheim
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