O cinema nórdico vive uma nova época de ouro, com excelentes lançamentos, mostrando uma maturidade das produtoras, das distribuidoras e refinamento do público, que reconhece o nível do que é lançado no cinema e retorna com ótimos índices de bilheteria. A Academia partilha deste sucesso: nos últimos oito anos, foram sete indicações para o cinema nórdico – cinco destas para a Dinamarca. Neste ano, Den skyldige (Culpa, no Brasil) é a grande aposta local, e a confiança é tanta que o filme conseguirá a façanha de ser lançado nos principais mercados mundiais. Se é verdade que o drama escrito e dirigido por Gustav Möller aposta em uma narrativa pouco convencional, o mesmo não apresenta inovação e seu sucesso depende da total imersão do espectador na tensão que acompanha o protagonista em seu ambiente fechado durante os 80 minutos de filme.
Asger (Jakob Cedergren) trabalha na central de atendimentos de urgência de Copenhaga. Policial deslocado para a área administrativa por motivos explicados durante o filme, sua rotina é estressante, lidando com bêbados e mentirosos, por exemplo. Sua atenção, no entanto, não pode ser prejudicada nem por um segundo, já que nunca se sabe qual será a próxima ligação pedindo ajuda. Em um pedido de socorro, Asger usa seu senso policial para tentar resolver o sequestro de uma mulher, Iben (voz de Jessica Dinnage) – que aparenta estar em uma situação de vida ou morte e que deixou seus dois filhos sozinhos em casa. Com poucas ferramentas disponíveis. Asger tenta usar seus contatos na polícia local para dar um desfecho positivo ao filme.
O que Möller apresenta ao público não é novidade. Locke usou a mesma fórmula anos atrás e teve um sucesso limitado. Quando acompanhamos durante o filme apenas um personagem em apenas um cenário, a história deve ser boa para garantir um engajamento, evitando o risco de desgaste prematuro da narrativa. Sem muita sofisticação, a trama até que chama a atenção por promover duas rupturas estruturais sem mostrar sangue e violência, mas com uma descrição forte o suficiente para nos colocar no papel de Asger e notar o tamanho da dificuldade da resolução deste caso.
A fotografia de Jasper Spanning é importante para aproximar o público, com close-ups que ressaltam o teor claustrofóbico da situação. Den skyldige apresenta boa condução, mas não é eficiente 100% do tempo. A história paralela do drama vivido pelo próprio Asger, ainda que importante para notar o motivo pelo qual ele faz questão de resolver este caso, desgasta o longa pela forma como esta se integra na linha de análise prioritária. Um filme bom, mas que tem sua sustentação e interesse despertado mais pelo ótimo momento da indústria de cinema do país do que por sua competência.
NOTA: 7/10