Um filme formatado como Arizona, dirigido por Jonathan Watson, mostra que é extremamente difícil levar ao cinema uma comédia que visa ganhar fôlego com temas como assassinato, sequestro e tortura. Por mais que compreenda a boa intenção do roteirista e da equipe de produção, o longa deixa a desejar em todos os sentidos.
Fargo (1996) é um ótimo exemplo sobre como mudar a dinâmica de um crime para abranger tópicos secundários – também de interesse para a perfeita harmonia do crime com o subgênero proposto. Arizona bem que tenta emular parte desta fórmula, mas erra completamente no ponto ao moldar um antagonista invencível dentro de seu próprio mundo, onde as leis parecem não ser aplicadas. Pior: ao longo da trama o envolvimento de personagens externos torna a conclusão extremamente rígida e sem sentido.
Em meio a grave crise que assolava os Estados Unidos em 2009, Cassie (Rosemary DeWitt) é uma corretora que ainda tenta insiste nas vendas de imóveis para sustentar sua família e pagar parte de suas altas dívidas. Certo dia, seu chefe, Gary (Seth Rogen) discute com um cliente, Sonny (Danny McBride), sobre cobranças que seriam indevidas. Os dois brigam e Sonny acaba mata Gary enquanto Cassie testemunhava tudo horrorizada. Todo o restante do longa acaba desenvolvendo a “estranha” e peculiar relação de Sonny e Cassie, já que o homem acaba sequestrando ela até decidir o que fazer com o cadáver.
McBride busca ser engraçado ao promover seu personagem como desengonçado e fora da realidade, mas não entrega uma atuação que sequer calibre com o restante do elenco. Ocorre que Arizona é um filme de baixa pretensão, que apenas usa o pano de fundo da crise para explorar uma vertente narrativa, sem sequer contextualizar ou buscar suporte extra.
A velha máxima de violência e sangue, tão popular até duas décadas atrás, cria um ambiente desconfortável. Em determinado ponto, o espectador claramente pode interrogar: é sério mesmo que estão fazendo piada com este tipo de crime? Bola fora em todos os sentidos, Arizona não teve boa recepção nos Estados Unidos. Mesmo com as críticas no Festival de Sundance, ganhou lançamento limitado e está disponível em home video.
NOTA: 3/10