Quando a Lionsgate anunciou um contrato de distribuição de Gotti, filme que conta a trajetória de um dos maiores criminosos da história dos EUA, parecia que o rumo da produção seria positivo. Quando a mesma Lionsgate devolveu o filme aos produtores, a tragédia estava anunciada. Gotti, dirigido por Kevin Connolly, era uma bomba.
De certa forma, Gotti é um consenso entre os críticos. Não conheço nenhum colega que tenha avaliado positivamente este filme. Aliás, é um dos poucos que conseguiu manter o 0% no Rotten Tomatoes, fato que desencadeou uma triste tentativa de manipulação do score do público pela distribuidora, que também comprou cerca de 40% dos ingressos para a semana de estreia do filme para tentar evitar um vexame ainda maior.
Se não tivesse conhecimento das pessoas envolvidas e do contexto da produção, afirmaria até com certa tranquilidade que este projeto na verdade reunia um punhado de cenas de uma série de televisão. Digo isso pois existe uma divisão bizarra entre os conteúdos apresentados, sem nenhuma continuidade, sem nenhum cuidado. Após assistir ao filme, não consigo fazer um resumo e nem mesmo dizer com propriedade que é uma narrativa sobre John Gotti e sua família, dada a confusão que é visível logo quando o próprio protagonista, John Travolta, quebra a quarta parede justo na cena introdutória.
Como filme, Gotti pode ser valioso para acadêmicos que trabalham diretamente com cinema para mostrar aos seus alunos como não editar e como não desenvolver uma narrativa. É um filme descartável, que deixa uma péssima impressão apesar da tentativa de emplacar Travolta a todo custo. Fotografia, trilha sonora? Nada disso. Tudo mantém o péssimo nível do filme. O destaque talvez fique com a maquiagem (!), admitindo que busco salvar alguma coisa nessa maré negativa.
Fuja de Gotti e economize duas horas de sua vida. É uma das recomendações que posso dar em 2018 sobre cinema. Poderia discutir sobre problemas referentes a história e ao roteiro (completamente censurado e influenciado pela família, promovendo uma propaganda do criminoso) – mas o filme atua de forma tão desonesta com seu público que não merece esses adendos.
NOTA: 2/10