Produzir um filme sobre a vida de Reinhard Heydrich deve ser um desafio e tanto. A vida do nazista é cheia de controvérsias – como sua ascendência judia, por exemplo. HHhH (posteriormente relançado com o título The Man with the Iron Heart) propõe contar os principais episódios da vida de Heydrich – mas falha ao simplificar fatos para fechar sua narrativa em duas horas.
Adaptado de HHhH, de Laurent Binet, o longa do diretor deixa de lado a pegada de ficção do texto para ser mais fiel as biografias do SS-Obergruppenführer. O primeiro quarto do filme é dedicado a análise da carreira de Heydrich (Jason Clarke) até sua chegada ao Partido Nazista, fato que envolve seu relacionamento com sua futura esposa, Lina (Rosamund Pike). A sequência é composta por breves passagens que tentam abraçar episódios complexos, como o da Noite das Facas Longas e da Solução Final. Os dois últimos quartos abordam seu assassinato e a busca pelos assassinos.
O filme infelizmente teve inúmeros problemas de distribuição, que acabaram comprometendo sua visibilidade. A tentativa de lançar no cinema a produção com um título pouco chamativo (e restritivo, tendo em vista que poucos conhecem a obra de Binet) é inexplicável. Também não contribuiu com The Man with the Iron Heart o fato de estar associado nos Estados Unidos com a Weinstein Company, que sequer promoveu o longa no circuito doméstico.
Mas a essência de The Man with the Iron Heart também demonstra graves problemas. Temos aqui uma produção francesa que até capricha nos detalhes – como nas vestimentas de época – mas que não consegue lidar com os poucos recursos disponíveis para recriar as décadas de 1930 e 1940. Por conta disso temos várias tomadas fechadas – com um punhado de cenas abertas que acabam sacrificando a fotografia.
Não colabora o fato do filme ser em língua inglesa. O tradicional sotaque alemão ganha contornos artificiais que nada acrescentam ao resultado final. Anthropoid – também apresentou problemas de continuidade, mas a impressão final é que The Man with the Iron Heart é um filme construído com uma mentalidade didática, mas que no final acaba vítima de sua própria simplificação.
NOTA: 5/10