Michael Haneke colecionou sucessos na última década – e por este motivo qualquer filme com sua assinatura despertará interesse, já que suas propostas narrativas misturam drama e suspense com uma incrível sutileza. Primeiro longa do alemão desde Amour, vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro em 2013, Happy End é um filme cuja força depende necessariamente de uma profunda conexão do espectador com a história.
Haneke, por sinal, não gosta de finais felizes. Desconfie, portanto, do título deste filme. A história tem como pano de fundo uma família francesa (Isabelle Huppert, Jean-Louis Trintignant, Franz Rogowski, e Laura Verlinden no elenco) que recebe a chegada da jovem Eve (Fantine Harduin). Filha de Thomas (Mathieu Kassovitz) – que abandonou a garota e sua mãe anos antes – agora Eve vive a rotina dos Laurent após sua mãe ser internada no hospital após uma tentativa de suicídio.
Haneke, obviamente, prepara algumas surpresas ao público. A primeira delas está na divisão da narrativa a partir do estabelecimento de uma parede que separa a história que o público sabe da história que os personagens tem conhecimento. Eve, por exemplo, demonstra graves desvios comportamentais que são comprovados em seus vídeos, nos quais mata seu hamster ou envenena sua própria mãe, por exemplo.
Diferentemente da proposta de um roteiro cadenciado, Happy End mostra muita coisa ocorrendo ao mesmo tempo, de modo que uma desatenção pode comprometer o entendimento pleno do que está acontecendo na tela. Com rápidas passagens de humor negro, o ponto alto do filme está nas cenas com a presença de Trintignant, que inclusive nos remetem ao filme Amour.
Happy End obviamente não é um dos melhores filme de Haneke, mas trata sobre temas polêmicos como suicídio, assassinato e privilégios da elite. É por este motivo que acredito que o filme dependa muito da conexão que cria com seu espectador para conseguir alcançar os objetivos propostos, contando que o isolamento da história mostrará problemas na construção da trama.
NOTA: 6/10