The Cloverfield Paradox foi um negócio de grande inteligência por parte da Netflix e da Paramount. A gigante do streaming mundial surpreendeu ao colocar um anúncio no horário mais disputado da televisão mundial para anunciar que o filme estaria disponível em seu catálogo logo após o final do Super Bowl. A Paramount, por sua vez, recebeu de volta todo o dinheiro investido na produção do filme e uma bonificação extra. Quem saiu perdendo? O espectador.
Cloverfield (2008) foi um dos melhores filmes de seu gênero na década passada. A condução impecável de Matt Reeves, a produção de J.J. Abrams e o bom roteiro inspiram até hoje produções que tentam tirar uma lasquinha deste sucesso. The Cloverfield Paradox, no entanto, peca absurdamente por não saber explorar o universo estabelecido anteriormente. Assim como 10 Cloverfield Lane, este longa originalmente não teria qualquer relação com o “Cloververse”, ainda alvo de intensas discussões em plataformas como o Reddit. Após alguns ajustes no roteiro (e relatos de refilmagens), o filme mudou o título e sua estrutura para entrar na franquia.
Conceito interessante e execução falha. No ano 2028, uma crise de energia sem precedentes ameaça a civilização – e uma guerra mundial pode iniciar a qualquer momento. Ava (Gugu Mbatha-Raw) lidera uma equipe de astronautas de diversas nacionalidades (Daniel Brühl e David Oyelowo estão no elenco) para ativar um gerador de partículas no espaço que traria suprimento ilimitado de energia ao planeta.
Obviamente nada dá certo, e o que segue é uma série de clichês muito comuns em filmes deste gênero. Mas os problemas, de modo geral, são bem maiores: nos primeiros vinte minutos todo o plot do filme é entregue e as “surpresas” são péssimas. Nada da parte técnica merece destaque, e a má utilização de dois grandes atores como Oyelowo e Brühl me faz pensar até que ponto as refilmagens atingiram estes personagens.
A Paramount se livrou de uma bomba, que certamente não daria resultado nenhum na bilheteria e prejudicaria ainda mais a companhia, que passa por um período de reformulação interna. A Netflix, por outro lado, sem pressão, tem como carta na manga um filme apelativo para atrair mais clientes para seu serviço. Quem engole o sapo é o público, com um péssimo filme sem qualquer sentido e que ainda tem a audácia de engatar um final aberto para camuflar seus pecados. A Paramount lançará ainda neste ano Overlord, quarta entrada da série – possivelmente no cinema. Resta esperar por algo melhor do que o apresentado aqui.
NOTA: 2/10