Matt Reeves conquistou seu espaço com Cloverfield, um ótimo filme que conseguiu prosperar no competitivo mercado estadunidense por conta de um eixo narrativo bem definido e bem construído. Em Dawn of the Planet of the Apes, Reeves mudou sua postura, até tendo em vista a franquia que tinha em mãos, com histórias diluídas em busca da consolidação de uma franquia. Por conta disso, esperava-se que War for the Planet of the Apes (Planeta dos Macacos: A Guerra, no Brasil) poderia ser o filme definitivo da saga, carregando os aprendizados dos longas anteriores com os reconhecidos efeitos visuais de primeira linha. Dentre os nove filmes de toda a saga (cinco da série original, um remake de 2001 e esta presente trilogia), sem dúvida alguma War é o mais sério de todos, trazendo assuntos polêmicos como suicídio, escravidão e infanticídio. Ainda assim, a necessidade de buscar um final e amarrar as pontas abertas a todo custo estragam a experiência final, e nem os 160 minutos de duração são suficientes para tantas decisões.
Caesar (Andy Serkis) enfrenta o Coronel McCullogh (Woody Harrelson), líder da facção que busca proteger os humanos dos macacos a todo custo. Qualquer detalhe a mais no plot é spoiler, já que existem surpresas soltas a cada 30 minutos.
É impressionante o nível de detalhe gráfico dos macacos. Se o espectador reparar nos detalhes (e assistir em casa no Blu Ray é uma boa pedida), é possível notar como o vento, por exemplo, interfere nos pelos e como as pálpebras diminuem. O investimento na casa dos 130 milhões de dólares parece alto, mas quando temos a clara noção do nível de especialistas e da estrutura que precisa ser montada para que tudo ocorra com perfeição, passamos a entender os riscos. No Blu Ray, aliás, existe um complemento (WETA: Pushing Boundaries) que trata justamente dos avanços tecnológicos nos últimos três anos que foram implementados neste filme.
O grande erro de Reeves, no entanto, foi querer mudar seu estilo narrativo. Para quem acompanhou a filmografia do diretor, a última hora de War parece ser de um filme de outra pessoa. Falta coerência nas decisões – com vários desfechos atirados para agradar o público – e a disputa entre heróis e vilões, que ganha força na medida em que Harrelson toma mais tempo de tela, no fim acaba prejudicada pela auto-sabotagem do personagem do ator, que perde todo vigor e força que ameaçava tanto Caesar e cia.
War for the Planet of the Apes, por outro lado, mostra o quanto a trilogia se afastou da premissa básica da novela do autor francês Pierre Boulle – fato que tranquilamente renderia um ótimo trabalho acadêmico. Mesmo assim, War segue o padrão estético dos seus antecessores, algo positivo tendo em conta as pressões da Fox e o cenário atual de Hollywood.
NOTA: 6/10