É gratificante assistir a uma animação que emociona desde o primeiro minuto. Loving Vincent (Com Amor, Van Gogh, no Brasil) é fruto de um incansável trabalho de Dorota Kobiela e Hugh Welchman, que coordenaram 125 artistas para compor a mão cada um dos 65 mil quadros apresentados ao espectador. Além de ser visualmente deslumbrante, já que também houve o cuidado em respeitar e seguir as linhas artísticas de Vincent van Gogh, a história é muito boa e bem conduzida, justificando todo investimento do Instituto de Cinema da Polônia (responsável pela captação do dinheiro para financiamento) e dos fãs que acreditaram no potencial e contribuíram na campanha do Kickstarter.
Após sete anos na sala de produção, Loving Vincent conta a história da morte de van Gogh (Robert Gulaczyk) a partir do ponto de vista de Armand Roulin (Douglas Booth), alvo de vários retratos feitos pelo artista. Roulin atua como detetive e narrador, buscando compreender o mistério por trás da perda de um talento inigualável. Neste caso, a animação tem seu ponto forte justamente no questionamento de uma história conhecida por todos, já que testemunhamos vários casos secundários interessantes que ganham notoriedade ao longo. A partir disso, várias perguntas: o tiro na barriga que causou a morte do pintor realmente partiu dele ou de um assassino? Se o ato foi suicida, qual seria a explicação para este ato extremo?
Obviamente Kobiela e Welchman não montaram esta produção com o intuito de resolver um mistério que até hoje é alvo de documentários e livros com teorias distintas. Ao atuar como detetive amador, Roulin atua como espelho da representação de várias gerações de fãs de van Gogh que tentaram, de alguma forma, criar uma explicação convincente pelo menos para si mesmos.
Outro grande trunfo foi saber utilizar com precisão as famosas cartas de Theo. Para os admiradores de van Gogh, uma importante adição que apenas ressalta a qualidade do trabalho. Para quem não tinha nenhum conhecimento prévio, a porta de entrada para mais pesquisas.
Loving Vincent é a grande animação de 2017. Um trabalho que faz juz ao título, encanta e mostra como é importante dar espaço para mais projetos deste calibre.
NOTA: 8/10