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Loveless (Sem Amor) - Crítica do filme

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Loveless (Sem Amor) – 2017

Andrey Zvyagintsev é o melhor diretor russo vivo. Após o poderoso Leviatã, mais uma vez a academia de cinema de seu país reconheceu sua extrema sensibilidade e indicou seu novo filme, Loveless (Sem Amor, no Brasil), para a disputa do Oscar de melhor filme estrangeiro. Mesmo com suas restrições ao governo Putin, Zvyagintsev desbancou o longa favorito do governo – The Age of Pioneers (Vremya pervykh), que trata sobre a corrida espacial.

Mais uma vez o tema é a sociedade russa. Apesar de não ser tão engajado politicamente quanto seu antecessor, a brutal experiência proposta pelo diretor deixa claro o título do filme desde os primeiros minutos, quando analisamos uma criança que não é amada. Alyosha (Matvey Novikov) tem doze anos de idade e vive com seus pais, Boris (Alexey Rozin) e Zhenya (Maryana Spivak), que estão finalizando o divórcio. Ambos já circulam com novos parceiros (ela encontrou um milionário e ele uma jovem, que inclusive está grávida e quer começar uma família com Boris o quanto antes). Entre as trocas de ofensa e discussões, Zhenya sugere enviar seu filho para o orfanato. Esperto e atento a situação, Alyosha simplesmente desaparece, e o casal tem que se unir pela última vez para buscar o garoto.

Novamente Zvyagintsev apresenta um filme tecnicamente perfeito, que poderia ser utilizado tranquilamente como exemplo nas faculdades de cinema. Com tomadas longas, o diretor aposta na primorosa edição para investigar os personagens. O uso do celular, por exemplo, é um forte indicio de como hoje em dia é mais fácil ficar entretido no mundo virtual do que saber lidar com as demandas do mundo real. O fato de uma mãe levar quase dois dias para notar que seu próprio filho fugiu de casa, além de comprovar isso, também coloca em pauta temas do cristianismo e conformismo, além de todas análises secundárias que podem ser feitas a partir do campo material, especialmente no que diz respeito ao dinheiro.

Após sua primeira hora de rodagem, a trama passa a ser exclusivamente voltada para a busca do menino. Neste sentido, os diálogos poéticos ficam de lado e o silêncio ganha muito mais espaço e valor. Através dele, por exemplo, notamos como Zhenya consegue manter uma vida normal mesmo com o desaparecimento da criança. O silêncio também é fundamental para explorar o sentimento de culpa dos pais a cada dia de busca.

O diretor de fotografia Mikhail Krichman certamente já teria em seu currículo pelo menos um Oscar caso a Academia avaliasse todos os filmes de forma igual, sem o peso da nacionalidade. Mais uma vez ele ressalta a qualidade final do trabalho de Zvyagintsev com wide shots bem estruturados. A carcaça de baleia foi a marca de Leviatã, e em Loveless temos um destaque para as árvores carregadas de neve, que tem forte apelo simbólico na trama.

Loveless é um dos melhores filmes do ano. Realmente espero que os produtores consigam bons contratos de distribuição para divulgar esse ótimo trabalho e levar o maior número de pessoas as sala de cinema.

NOTA: 9/10

IMDb

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