Durante sete anos, a franquia Saw/Jogos Mortais teve o impressionante dado de um lançamento por temporada. O primeiro filme, de 2004, apresentou inovações que não conseguiram ser emuladas de forma decente no gênero terror até hoje – e todos os demais filmes da trama criada por James Wan e Leigh Whannell usaram a mesma fórmula, com twists que buscavam surpreender o espectador a todo custo. Após Saw 3D (2010), era consenso que a franquia precisava de um descanso. Os resultados de bilheteria, apesar de bons, já não eram mais os mesmos. Algo precisava ser feito para resgatar, no futuro, o interesse do público. Sete anos mais tarde, Jigsaw (Jogos Mortais: Jigsaw, no Brasil) é lançado. Com direção dos irmãos Spierig, a promessa feita pela Lionsgate era de uma produção radicalmente diferente das últimas entradas anteriores da franquia, que abusavam do sangue para compensar a falta de roteiro.
Dois foram os motivos que deram esperança para os fãs da franquia: o primeiro foi o fato de a Lionsgate ter rejeitado mais de cem roteiros nesse hiato até a produção de Jigsaw. A distribuidora alegou que só trouxe de volta a franquia por entender que tinha em mãos um produto com forte potencial e que ajudaria a limpar a imagem negativa da franquia – que manteve o nome Saw apenas como caça-níquel. Por outro lado, a seleção dos irmãos Spierig para direção apontava um direcionamento mais autoral do filme, especialmente tendo em vista Predestination.
Cinco pessoas acordam dentro de uma sala: Anna (Laura Vandevoort), Ryan (Paul Braunstein), Mitch (Mandela Van Peebles) e Carly (Brittany Allen) enfrentam as típicas armadilhas de Jigsaw e lutam pela sobrevivência (o quinto participante, na verdade, é apresentado durante a trama). Quando os corpos mutilados começam a ser descobertos, os detetives Halloran (Callum Keith Rennie) e Hart (Cle Bennett) tomam conta do caso, que torna-se ainda mais complexo quando uma testemunha chave leva um tiro no peito durante uma perseguição. Os legistas Logan Nelson (Matt Passmore) e Eleanor Bonneville (Hannah Emily Anderson) também se envolvem para ajudar na recuperação de pistas que possam provar que Jigsaw ainda está vivo.
Para os fãs da franquia, uma comparação direta com Saw 3D mostra que realmente houve uma evolução, ainda que pequena. Mesmo assim, existem vários problemas: o desenvolvimento dos personagens continua horroroso (e isso se deve tanto as más atuações quanto ao roteiro), por exemplo. Os avanços ocorrem no restabelecimento de pequenos padrões narrativos, voltando mais atenção para as consequências das escolhas feitas nas armadilhas.
Com menos de uma hora e meia de rodagem, Jigsaw torna-se exaustivo pela falta de novidade. O tradicional twist da franquia retorna, mas é extremamente previsível e nem mesmo o deslocamento temporal proposto joga a favor da produção. Dependendo da resposta da bilheteria no exterior, considerando que nos EUA o filme continuou com números bem abaixo do padrão da franquia, talvez possamos ter mais episódios de Saw utilizando este filme como ponto de partida.
NOTA: 5/10