2017 é o ano de Stephen King. Com o lançamento de vários filmes e seriados, opções não faltam para quem busca entretenimento com histórias de terror/thrillers. 1922, dirigido por Zak Hilditch, é uma adaptação da história publicada em Full Dark, No Stars (2010), com distribuição mundial da Netflix.
Wilfred James (Thomas Jane) é um fazendeiro que prega por uma vida simples. Já sua mulher, Arlette (Molly Parker), quer vender a fazenda para morar na cidade. Após notar que ela não abre mão de seu desejo, Wilfred decide que a única solução seria matar sua esposa e esconder o corpo com a ajuda de seu filho, Henry (Dylan Schmid), que também não pensa em sair do campo.
Hilditch não soube aproveitar o ritmo acelerado proposto por King. O grande trunfo do livro era explorar a maldade do homem a partir de um elegante drama psicológico que conseguia amarrar sua existência no suspense de cada troca de página. O que temos no filme é um teste de paciência, já que o personagem de Jane tem uma construção apressada, deixando o tempo restante do filme para discutir a série de eventos negativos que tomam conta de sua vida, esquecendo de fazer a essencial ponte para olhar para si mesmo e para sua vida. Hilditch até tenta propor uma discussão rápida deste tópico na conclusão, mas muito aquém do potencial do livro.
A produção, de modo geral, é interessante. Obviamente estamos falando de um filme com orçamento baixo, o que explica a opção por explorar majoritariamente a vastidão da fazenda ao invés de captar com mais precisão o estilo de vida da década de 1920. Ainda assim, a interessante parceria musical com Mike Patton e a fotografia competente de Ben Richardson, que aos poucos ganha espaço em Hollywood, são dois pontos altos que merecem destaque.
Para um filme que entrará direto no catálogo de um serviço de streaming, a experiência final de 1922 é boa. É óbvio que os fãs de King vão fazer comparações entre o texto e o filme. Neste caso, minha sugestão é tentar deixar isso de lado, já que a visão extremamente peculiar de interpretação de Hilditch deve irritar os mais puristas.
NOTA: 6/10