David Lynch é um dos maiores diretores da história do cinema. São tantos clássicos, tantos roteiros de alto nível e tantas aventuras visuais que é impossível negar sua influência direta na formação de tantos jovens cineastas que tentam tirar casquinhas de Mulholland Dr. ou Blue Velvet, por exemplo. Um documentário sobre Lynch, no entanto, não poderia ser montado a partir de uma estrutura convencional. Em David Lynch: The Art Life (David Lynch: A Vida de um Artista, no Brasil) o diretor Jon Nguyen parte para uma análise sobre o processo criativo do diretor, trazendo pequenos capítulos de sua vida para então compreender sua inspiração.
Para atingir seu objetivo principal, o diretor deixa claro seu espaço temporal, que começa na infância de Lynch e vai até Eraserhead. Nguyen anteriormente havia produzido e dirigido outro documentário intitulado Lynch. É possível, a partir da comparação direta entre ambos documentários, notar um amadurecimento do próprio Nguyen. Em 2006, ele buscava observar o processo de finalização de Inland Empire com a perspectiva de tentar criar uma aula de cinema útil para a emulação de terceiros.
Fica claro que em David Lynch: The Art Life, Nguyen compreende perfeitamente que não existe uma fórmula pronta para fazer filmes. É essencial entender particularidades e contextos. Com as vinte entrevistas concedidas por David Lynch, ele monta um ótimo retrato sobre os anos iniciais do diretor estadunidense. Sua educação, o fato de sua mãe rejeitar dar livros de colorir para ele e o medo da rejeição foram fantasmas que não apenas foram superados – eles também serviram de motivação para apresentar seus projetos.
Em meio a um cenário intimo, Lynch não tem problemas ao tratar sobre seu primeiro casamento, por exemplo. A experiência final do documentário torna-se ótima para o espectador paciente.
NOTA: 7/10