Roger Moore marcou uma geração. Sua interpretação de James Bond trouxe fama e fortuna para o ator, mas também uma legião de fãs que foram conquistados pela forma como ele buscou se desvincilhar da pressão da franquia em torno de um novo Sean Connery, ainda mais tendo em vista o peso deixado pelas críticas de George Lazenby aos produtores. Na minha visão, The Spy Who Loved Me (007 – O Espião Que Me Amava, no Brasil) é melhor dos sete filmes do ator no papel de Bond – e aquele que realmente deixa claro o espírito da série de Albert R. Broccoli.
Neste filme, Bond (Moore) une-se a agente soviética Triple-X (Barbara Bach) para investigar o desaparecimento de um submarino nuclear. O vilão é o megalomaníaco Stromberg (Curt Jurgens), que planeja um holocausto nuclear para realizar seu sonho de criar uma civilização marinha.
Moore parte para uma interpretação mais sofisticada de Bond, apostando em um humor seco que deixa espaço para expandir seu viés mulherengo ao mesmo tempo que mostra o agente em forma para evitar qualquer tipo de perigo. O período da detenté é reconhecido no roteiro, com uma interessante história de cooperação entre britânicos e soviéticos, apesar das desconfianças de ambos os lados.
O longa também foi o primeiro a contar com a participação do supervilão Jaws (Richard Kiel) – sem dúvida o oponente mais persistente de Bond. O diretor Lewis Gilbert aposta na cena de combate direto entre os dois, mas manipula seu público de forma satisfatória para mostrar os superpoderes de Jaws (que sobrevive desde um grave acidente de carro até um ataque de tubarão).
A memorável química entre Moore e Bach (discutida por ambos anos depois, ao analisar o legado desta produção) tem o mesmo impacto da impressionante tomada inicial, o melhor stunt de todos os filmes da franquia até o momento. Roger Moore será lembrado como um ator de alto nível que mostrou ao mundo sua qualidade por duas décadas como James Bond (ainda é o ator com maior tempo de franquia, além de ser o mais velho a interpretar o agente secreto). Seus trabalhos posteriores infelizmente deixaram muito a desejar, o que não apaga de forma alguma seus méritos. Não foi o melhor Bond, mas deu vigor ao personagem. The Spy Who Loved Me é a melhor prova disso.
* Texto escrito por conta do falecimento de Roger Moore, em 23 de maio de 2017.
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NOTA: 8/10