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Get Me Roger Stone - Crítica do documentário da Netflix

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Get Me Roger Stone – 2017

Roger Stone é uma figura conhecida no cenário político dos Estados Unidos: desde a campanha de reeleição de Richard Nixon, em 1972, o estrategista político atua atrás das cortinas para manter a hegemonia do Partido Republicano no país. Principal apoiador de Donald Trump, desde 1988 Stone pedia para o bilionário concorrer à presidência, fato que ocorreu no último ano com sua subsequente eleição. Get Me Roger Stone, mais novo documentário da Netflix, busca traçar um panorama geral de uma figura caricata que chama a atenção – seja por suas frases de efeito, por seus trajes ou por sua tatuagem de Nixon.

A narrativa proposta pelos diretores Dylan Bank, Daniel DiMauro e Morgan Pehme é metódica e linear. A partir de conversas com Stone, busca-se entender como o personagem central evidenciado nesta produção tornou-se no mais famoso dirty trickster do mundo político. Suas experiências com Nixon, a marca do caso Watergate, a coordenação da campanha de Reagan e o aparato de lobby montado por Roger Stone no final da década de 1980 são bem expostos.

O grande problema deste documentário, no entanto, está precária conclusão. A Netflix promove sua produção com a imagem de Donald Trump, deixando clara a influência de Stone em sua vida política. O presidente, aliás, foi entrevistado pelos diretores ainda no período da campanha – com frases vagas sobre o perfil de Roger. Entende-se, portanto, que sua ligação com Trump seria a cereja do bolo de sua carreira, algo mais do que justo.

Mas fiquei com a clara impressão de que os documentaristas não acreditavam na vitória de Trump – e pretendiam encerrar Get Me Roger Stone com alguma citação de efeito por parte de Roger sobre como Hillary havia roubado para se tornar presidente, ou algo do tipo. Se tivesse sido lançado antes da eleição presidencial, esta obra teria todos os méritos de explorar o ponto de vista de um estrategista sobre Trump e sobre o futuro do Partido Republicano. Mas os dez minutos finais, dedicados a cobertura da disputa entre Trump e Hillary, é apressado e cru – sem qualquer tipo de análise crítica sobre o papel de Stone ou mesmo sua visão para a administração Trump.

Mas os pontos positivos são vários: as regras do jogo sujo de Stone são expostas sem tentar correr para uma visão idealista. Roger assume que depende de sua imagem para sobreviver no mundo político e abraça os vários apelidos dados pelos seus oponentes. As entrevistas complementares são interessantes, com conteúdo sólido, ainda que não exista uma fonte de oposição direta (que poderia ser encontrada em qualquer estrategista do Partido Democrata, por exemplo). Por fim, as histórias de truques sujos e da formação de slogans e propagandas chegam a ser hilárias de tão absurdas (e, ainda assim, efetivas).

Get Me Roger Stone é essencial para todos que estudam marketing político ou que visam entender a ascensão de Donald Trump. Stone é extremamente popular dentro direita alternativa dos Estados Unidos, e este documentário deve inflar ainda mais seu ego. Não deve ser entendido como uma produção biográfica, já que não aborda a carreira de Stone como autor e nem mesmo sua iniciativa de criar um programa de rádio que chama de ‘fonte de resistência patriota’, mas sim como uma investigação superficial sobre a saúde da política dos EUA.

NOTA: 8/10

IMDb

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