Espetacular! Magnífico! Supremo! Por muito tempo esperei por um filme de terror do estilo de Get Out (Corra! no Brasil). Ele é revolucionário na medida em que consegue criar um ar de tensão real – mas ainda assim consegue mesclar uma porção interessantíssima de humor ácido que é responsável pelo gran finale.
A abertura do filme já dá uma noção geral do tipo de conteúdo que será exposto adiante, quando acompanhamos um homem negro que caminhava tranquilamente pela rua ser ‘capturado’ por outro rapaz que o vigiava. Após os créditos iniciais, conhecemos Chris (Daniel Kaluuya) um respeitado fotógrafo que está em um relacionamento com Rose (Alison Williams), que passa a impressão de ser uma jovem doce e dedicada. O casal decide ir para o interior para que Chris possa conhecer os pais da moça. Pelo fato de ser negro, ele questiona sua companheira sobre uma possível rejeição de seus parentes, algo que ela descarta por completo. Na verdade, Dean (Bradley Whitford) e Missy (Catherine Keener) tratam Chris da melhor forma possível, inclusive tentando quebrar o gelo com a menção de que votariam em Obama mais uma vez caso pudessem – classificando-os, portanto, como pessoas que não suportam o racismo. O grande problema é que Chris não entende as atitudes dos caseiros Georgina (Betty Gabriel) e Walter (Marcus Henderson) – também negros. Combinado com o convite de Missy para uma sessão de hipnose (com a justificativa de que ela poderia curar seu vício em cigarros) e de uma estranha festa, várias dúvidas surgem na cabeça do rapaz.
O desenrolar da narrativa de Get Out explora vários tópicos, que passam desde o privilégio e poder da “sociedade branca” até o impacto de questões de racismo na sociedade contemporânea – tratada como tabu por algumas famílias. O diretor Jordan Peele torna muito confortável lidar com esses assuntos na medida em que eles estão enraizados no roteiro e acompanham o protagonista desde o primeiro minuto.
É claro que o filme presta homenagem indireta a alguns clássicos do gênero. A suspeita do público de que algo está errado, por exemplo, lembra muito o rítimo de The Wicker Man (1973). Mas a originalidade sempre se sobrepõe com destaque total para a entrega de Daniel Kaluuya e da atriz Alison Williams, que revela um potencial incrível. Get Out é mais um belo exemplo de um filme de baixo orçamento que aposta apenas em um poderoso e criativo roteiro. O sucesso é mais do que merecido – e seria lindo ver menções a esta produção na próxima temporada de premiações.
NOTA: 9/10
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