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O.J.: Made in America - Crítica do documentário

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O.J.: Made in America – 2016

São quase oito horas de duração. Mas poderiam ser dez, doze. O.J.: Made in America é tão espetacular que mesmo após tanta informação repassada ao público, não há como evitar buscar mais sobre o assunto. O diretor Ezra Edelman apresenta uma obra concisa, que deve influenciar uma nova geração de documentaristas.

É claro que a concepção de O.J: Made in America tornou as coisas mais fáceis. Pensado como uma série de cinco episódios e lançado no cinema para estar apto as premiações da temporada, fica muito difícil estabelecer qualquer tipo de comparação com seus demais concorrentes.

Ezra podia passar seu tempo apenas em torno do julgamento do século. Seu grande trunfo, no entanto, foi de apresentar com muita propriedade a história do popular jogador de futebol americano desde sua origem. Seu rápido avanço,  seu estilo de vida, seus romances e desejos são contados através de íntimas entrevistas com amigos.

Vários livros já foram escritos sobre o julgamento, e até hoje existe um fascínio dos americanos em torno do caso que dividiu o país. Praticamente todos os participantes escreveram suas memórias, e Ezra traça a raiz da divergência entre procuradoria e defesa mostrando o contexto racial da década de 1990 em Los Angeles ao mesmo tempo que coloca O.J como um homem negro muito diferente de figuras como Martin Luther King ou Malcom X, que lutaram ativamente pelos direitos civis. O.J sempre teve a visão de que ele era uma espécie de semi-Deus, com a elite da Califórnia a seus pés. Ainda assim, a defesa conseguiu montar uma narrativa que até hoje é usada para discussão nas universidades. Ao mostrar uma provável conspiração dos policiais para incriminar mais um negro, vários problemas técnicos e uma boa dose de má sorte (aliada a péssimas decisões dos procuradores) são ressaltados.

O casamento com Nicole Brown e seu altíssimo histórico de violência contra sua própria esposa não deixam dúvidas sobre a autoria do crime. Ezra ainda tem o cuidado de retirar preciosas informações dos jurados que participaram do caso. Não há dúvida alguma de que a inocência de O.J foi um ato de vingança contra o caso Rodney King (taxista brutalmente espancado pela polícia de Los Angeles).

A tese de Ezra sobre o assassinato fica clara nos minutos finais, que acompanham o julgamento civil feito pela família de Ron Goldman, assassinado junto com Nicole. O roubo de 2008, motivo da prisão de O.J, também é comentada.

Para quem gosta do caso ou apenas procura uma boa opção de documentário, sem se importar com a duração, O.J.: Made in America é a melhor escolha disponível produzida em 2016.

NOTA: 9/10

IMDb

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