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Moonlight - Crítica do filme

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Moonlight – 2016

Moonlight conta um tipo de história que é cada vez mais difícil de aparecer no cinema estadunidense. Sem a pressão de um grande estúdio e com cinco milhões de dólares na mão, a produção independente de Barry Jenkins conseguiu mostrar o outro lado de Miami – o lindo pesadelo – seguindo as palavras de Tarell Alvin McCraney, responsável pela peça original homônima (mas que nunca foi produzida), com mudanças estruturais efetuadas pelo próprio Jenkins,

 Moonlight tem seu arco narrativo dividido em três histórias que contam a vida de Chiron. Enquanto criança, ele é chamado de Little (interpretado por Alex Hibbert) nas ruas de Miami. Sofrendo com o começo do abuso de sua mãe (Naomie Harris) na pedra de crack, ele cria uma bonita amizade com Juan (Mahershala Ali), traficante de drogas responsável pela distribuição na zona do garoto. Little passa a conviver mais tempo com Juan e com sua esposa, Teresa (Janelle Monae), que se torna uma segunda mãe. A segunda parte da história mostra Chiron na adolescência (interpretado por Ashton Sanders). Vítima de bullying na escola pela forma como anda e como se veste, seu único amigo verdadeiro é Kevin (na infância interpretado por Jaden Piner e na adolescência por Jharrel Jerome). Eles desenvolvem um interesse sexual que é interrompido por conta de um evento ocorrido no final do segundo ato. O terço final do filme mostra Chiron já na vida adulta (Trevante Rhodes). Chamado de Black, ele vive em Atlanta e torna-se um traficante muito parecido com Juan. Quando Kevin (Andre Holland) busca restabelecer contato, seu coração bate mais forte.

O roteiro de Moonlight impressiona pela a incrível forma como as três histórias se completam. Mais que isso, elas também tomam rumos independentes que deixam uma série de marcas no público, levantando boas discussões sobre sexualidade, presente nos três atos sem partir para a apelação. A introdução é especial, e a atuação de Mahershala Ali é o destaque máximo entre todos os bons atores que trabalharam no filme.

Assim como Sean Baker fez ano passado com Tangerine, Jenkins dá voz aos oprimidos a partir da história de um garoto destinado a viver na sombra dos outros. Não existe uma crítica direta ao governo, mas a intenção é mostrar o quanto a população negra é marginalizada dentro dos Estados Unidos, com grupos muito fechados e com pouquíssimas oportunidades de viver o american dream. É na busca pela sua afirmação na sociedade, que observamos a mudança de comportamento de Chiron a partir do segundo ato.

O que torna Moonlight uma experiência especial no cinema é a belíssima fotografia de James Laxton. Ele aumenta o contraste da paleta de cores para buscar a justaposição do sol de Miami com o sofrimento no rosto de Chiron durante todo o filme, ressaltando suas expressões faciais. Se no último ano a Academia fechou os olhos para as produções e para os atores negros, este ano Moonlight desponta como franco favorito ao Oscar de melhor filme, com plenas condições de buscar premiações em ator e atriz coadjuvantes, roteiro, fotografia e edição.

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NOTA: 9/10

IMDb