Cristian Mungiu foi o responsável por tornar a New Wave romena conhecida no mundo inteiro. A merecida Palma de Ouro pelo trabalho memorável em 4 Meses, 3 semanas e 2 dias abriu o mercado de distribuição e mostrou que o país – antes dominado por uma cruel ditadura – aos poucos estava restabelecendo o processo autoral com histórias impactantes sobre o passado comunista. Em Bacalaureat (internacionalmente distribuído com o título Graduation), Mungiu mantém o mesmo padrão de filmes passados, com uma história que busca mostrar como boas intenções acabam gerando péssimas repercussões pessoais.
Rodado na cidade de Cluj, o médico Romeo Aldea (Adrian Titieni) sonha em ver sua única filha, Eliza (Maria Dragus), no Reino Unido. Apenas uma prova final separa a jovem de uma bolsa de estudos que garantirá sua formação no exterior, algo que Aldea e Magda (Lia Bugnar), sua mulher, não conseguiram por conta da ditadura de Nicolae Ceausescu. Após uma tentativa de estupro, Eliza não apresenta condições emocionais para realizar a decisiva prova. É então que seu pai busca usar de todo seu prestígio acumulado em sua carreira na cidade para conseguir fraudar o resultado do exame ao mesmo tempo que pressiona o chefe de polícia local para colocar atrás das grades o responsável por causar tamanha dor em sua família.
A narrativa proposta pelo diretor mantém a mesma pegada de trabalhos anteriores. A história é multifacetada, já que o foco volta-se para os problemas que Romeo cria para resolver a situação de Eliza junto de seu próprio drama pessoal, já que sua mãe aparenta uma frágil condição clínica, sua mulher anda descontente e sua amante suspeita que está grávida.
Mingiu dialoga diretamente com os romenos ao criar o personagem de Romeo em cima da última ‘geração perdida’ de seu país. Como o médico não teve chance alguma de aprender um idioma estrangeiro e de sair para o exterior durante o regime comunista, ele acredita que sua responsabilidade moral é fazer com que sua filha tenha a chance que lhe foi negada. Neste sentido, Bacalaureat apresenta uma ótima discussão que inicia na superproteção paternal e termina salientando a liberdade de cada um para tomar seu próprio rumo.
Ao criticar a corrupção sistemática da Romênia, onde cada um tenta burlar o sistema para conseguir melhores condições de vida, Cristian Mungiu entrega um filme completo, cujo único pecado está no exagerado pessimismo que tira parte do brilho da história nos vinte minutos finais para manter a estruturação narrativa que deixou o diretor extremamente popular em seu país.
NOTA: 7/10