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Into the Inferno - Crítica do documentário

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Into the Inferno – 2016

Into the Inferno é a prova máxima de que Werner Herzog é o documentarista mais versátil do mundo. Com uma coleção invejável de incríveis imagens, ele não busca apenas discutir os vulcões, mas sim todo movimento simbólico em torno dos mesmos, desde Vanatu até a Coreia do Norte.

A relação do diretor com os vulcões traz à tona uma daquelas clássicas histórias de bastidores do cinema. Em 1976, ele visitou a pequena ilha de Basse-Tere em Guadalupe, no momento em que todos se preparavam para uma evacuação em massa por conta de uma erupção com enorme potencial de destruição. Em La Soufrière, ele não quis discutir propriamente o fenômeno, mas sim o caso de um humilde homem que rejeitou ser removido do local. Quarenta anos mais tarde, o estilo de Herzog permanece inalterado. Os vulcões, por mais espetaculares que sejam, tornam-se pano de fundo para discussões complexas, que influenciam diariamente a vida de milhões de pessoas, seja pelo risco iminente da morte ou pela apropriação mitológica deles dentro da ideologia de um governo.

Para este documentário, Herzog conta com a ajuda do vulcanólogo Clive Oppenheimer, que havia participado em Encounters at the End of the World. Clive ocupa o maior tempo de tela, já que é responsável pelas variadas entrevistas, deixando para o alemão a narração – com seu tradicional sotaque seco. É neste ponto que ocorre a interseção que torna o documentário imperdível: enquanto Clive busca a análise através de dados, com uma visão científica e racional, Herzog faz poesia ao imaginar a influência do mito do Vulcão na doutrinação da Coreia do Norte (que acaba se tornando uma história secundária, com ótimas reflexões que lembram o apresentado em Under the Sun).

As cenas dos cientistas se aproximando dos vulcões evidenciam o perigo diário da profissão – com um bom destaque para a trágica cena do fluxo piroclástico de 1991, no Japão. Herzog deixa clara sua preocupação com a contextualização dos fatos, e consegue articular de maneira satisfatória toda sua narrativa. As entrevistas conduzidas por Clive mantém um altíssimo nível de argumentação, respeitando as diferentes culturas e jamais tentando questionar a validade dos dados apresentados, seja por uma tribo ou por um historiador  norte-coreano, deixando Herzog fazer a mediação para o espectador tirar suas próprias conclusões.

Into the Inferno é uma produção da Netflix, em um ano positivo para Herzog, que também apresentou o bom Lo and Behold recentemente. Os dois trabalhos do diretor estão na lista prévia para a disputa do Oscar de melhor documentário.

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NOTA: 7/10

IMDb

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