Um ano atrás, The Man Who Knew Infinity (O Homem que viu o Infinito, no Brasil) era visto pela Warner e pela IFC como um dos grandes concorrentes ao Oscar 2016, com potencial para conseguir feitos semelhantes aos de The Imitation Game e de The Theory of Everything. Bastou cinco sessões abertas para o público em Toronto (2015) para notar que o longa dirigido por Matt Brown, adaptado do livro homônimo de Robert Kanigel, estava bem longe de conseguir conquistar alguma premiação – o que acarretou no adiamento de seu lançamento mundial, ocorrido na metade deste ano.
Srinivasa Ramanuja (Dev Patel) nasceu em uma humilde cidade da Índia. Autodidata, já em sua adolescência ele chamava a atenção de todos seus professores pela facilidade com os números. Após enviar correspondências com soluções para problemas ainda não solucionados para G. H. Hardy (Jeremy Irons), reonomado matemático britânico, o indiano teve a chance de estudar com alguns dos grandes nomes de sua geração, influenciando-os diretamente.
O grande problema nos filmes em que a matemática atua como objeto central para a compreensão da história está no fato dos roteiristas abusarem na utilização de laços sentimentais, que tenta mostrar que, apesar de gênios, eles também eram humanos. Na minha visão, essa tendência passou a ser cada vez mais emulada após o sucesso de A Beautiful Mind (2001).
Após conseguir a atenção de Hollywood com Slumdog Millionaire – passando por atuações no problemático Chappie e em dois longas da série Best Exotic Marigold Hotel, não é novidade alguma para Patel interpretar indivíduos com alto coeficiente de inteligência. Mas seu grande erro neste filme foi ter contribuído para uma visão muito solta de Ramanuja, escondido atrás do clichê da opressão. Ao invés do roteiro destacar as inúmeras contribuições do matemático – o alvo passa a ser seu relacionamento com a sua família e até mesmo sua doença – e Patel limita-se a dar vida a um personagem limitado, sem vida.
Certamente um foco direcionado apenas nas fórmulas matemáticas provavelmente afastaria o grande público, mas também não era necessário simplificar tanto a história. Por vezes, o diretor passa a falsa impressão de que o racismo e a xenofobia do início do século XX barraram a possibilidade de Ramanuja avançar ainda mais suas pesquisas – o que, além de errado, beira o absurdo! A tese de doutorado do indiano foi laureada e recebeu as maiores honras do Reino Unido, e após seu estabelecimento como referência em sua área, poucos tinham argumentos para rebater suas publicações.
A direção de fotografia de Larry Smith é bastante frágil, seguindo a insegurança que parece ter tomado conta de toda a produção. As tomadas fechadas em Patel têm problemas de continuidade por conta da edição relaxada. The Man Who Knew Infinity introduz de maneira agradável a vida de Srinivasa Ramanujan, mas está longe de prestar tributo ao seu enorme legado.
* The Man Who Knew Infinity está disponível na Amazon Video.
NOTA:6/10