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O Lar das Crianças Peculiares - Crítica do filme

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Miss Peregrine’s Home for Peculiar Children (O Lar das Crianças Peculiares) – 2016

A assinatura de Tim Burton garantirá o sucesso mundial de Miss Peregrine’s Home for Peculiar Children (O Lar das Crianças Peculiares, no Brasil). Isso não quer dizer, no entanto, que a produção seja espetacular. Existem diversos problemas técnicos e narrativos na adaptação do original de Ransom Riggs, um dos livros mais cultuados dessa década no gênero fantasia juvenil, que comprometem a experiência final.

Jake (Asa Butterfield) vive uma vida típica de um adolescente de sua idade no estado da Florida. Após a misteriosa morte de seu avô (Terence Stamp), Jake convence seu pai (Chris O’Dowd) a ir para o País de Gales, buscando entender histórias da sua infância e solucionar um grande segredo de sua família. Seguindo um mapa, ele encontra Peregrine (Eva Green), que mantém um orfanato com crianças ‘peculiares’.

A história tem dois momentos distintos: a introdução apresenta a base para compreender Jake, seu avô e o mundo do orfanato – que repete o dia 3 de setembro de 1943 em uma fenda espacial. Essa primeira parte é recheada de surpresas, com uma delicadeza na condução da história. Cada criança é devidamente apresentada ao público, criando um ambiente envolvente e dinâmico.

Quando a existência de um grande vilão – Barron (Samuel L. Jackson) – é anunciada, o filme perde grande parte de seu momentum. Burton não consegue sustentar duas realidades paralelas em dois campos temporais distintos. Ele bem que tenta explicar suas decisões e simplifica discussões científicas para criar uma teoria própria de viagem ao tempo – mas ela mesma é desmentida na medida em que caminhamos para a conclusão, criando uma terceira linha paralela (1943, 1943a e 2016).

O clímax do filme é apressado e mal conduzido (fator que considerei surpreendente, especialmente pela filmografia do diretor) – muito por conta da falta de carisma do protagonista e do vilão. Quem dá certo equilíbrio é Eva Green, que é retirada do arco narrativo principal pouco depois da primeira hora do filme. A tentativa de aparar arestas nos vinte minutos finais cria uma confusão sem precedentes: os temidos vilões passam a cair em pequenos golpes, as crianças triunfam e a vida segue. Mas não sem antes explorar um leve abuso do instante decisivo, um ou outro breve cliffhanger e uma pitadinha de melodrama.

O trabalho gráfico em torno de Miss Peregrine’s Home for Peculiar Children é relevante, com efeitos de primeiro nível – que deixam as crianças virtuosas. Não me entendam de forma errada: a marca de Burton é claríssima e seus fãs não sairão do cinema decepcionados. Mas se sobra esse espírito atrelado à excentricidade, falta coração para repassar a magia da obra de Riggs.

NOTA: 6/10

IMDb

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