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O Homem nas Trevas - Crítica do filme

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Don’t Breathe (O Homem nas Trevas) – 2016

Não é difícil perceber o motivo que tornou Don’t Breathe (O Homem nas Trevas, no Brasil), um sucesso absoluto no mercado estadunidense: o problemático gênero de terror/thriller está envolto em tradicionais clichês que criaram um fortíssimo vínculo visual e sonoro: parece que para impressionar o espectador, torna-se necessário o uso de cortes rápidos que assustem, mesmo que a qualidade geral da produção seja bastante questionável. A proposta de Fede Alvarez torna-se atraente por tentar deixar de lado essa herança, propondo um roteiro com certa credibilidade.

Três amigos ganham a vida com pequenos assaltos: Alex (Dylan Minnette), filho do dono de uma companhia de seguros, fornece cópias de chaves e controles para desativar alarmes de residências de pessoas com muito dinheiro. Rocky (Jane Levy) entrou no esquema para realizar o sonho de ir morar na Califórnia com sua irmã, tendo em vista o comportamento abusivo de mãe delas. Money (Daniel Zovatto) entra como o ladrão com estilo profissional, mergulhado no submundo do crime. É lá que ele recebe a informação de que um veterano cego da Guerra do Golfo (Stephen Lang) provavelmente guarda mais de 300 mil dólares em casa, fruto da indenização pela morte de sua filha. A partir do momento em que os três invadem a residência do estranho homem, as coisas começam a fugir do controle. O abuso do instante decisivo e o oferecimento de ameaças ocultas (como o feroz cachorro) desprivilegiam a história.

Se existe um destaque positivo, ele está na parte técnica. É impressionante o trabalho feito em torno da fotografia. Ela é diferente da corrente que prega um filme de terror baseado em closes fechados para a captação de emoções que transmitam pânico ao público. Sim, Fede Alvarez por vezes utiliza do recurso, mas ele sempre fica em segundo plano, já que o grande destaque está justamente na apresentação de um ambiente hostil. É por causa disso que o clímax está em uma cena na escuridão total, onde os jovens estão nas mesmas condições do veterano cego. O simbolismo, neste caso, funciona.

Mas isso não pode esconder as graves falhas de roteiro. apesar de desfrutarem bons retornos de bilheteria. No entanto, Fede abusa da boa vontade ao promover três grandes cliffhangers – editados com uma transição em silêncio e em tela preta, como se o diretor perguntasse ao espectador se aquele, de fato, seria o final do filme. Se nos primeiros trinta minutos o toque introdutório foi bastante positivo, com claros estabelecimentos de personagens, contexto e até mesmo de objetivos pessoais, a partir do momento em que o cego vira um predador em habitat natural é que temos visão de problemas que afetam a continuidade.

O longa caminha pelo mesmo campo em que Panic Room (2002) e You’re Next (2011) tentaram marcar território – ambos sem sucesso. Don’t Breathe aparece como opção viável, especialmente em 2016, que registrou uma das piores temporadas das últimas décadas. Ainda assim, o potencial de renovação de It Follows e até mesmo do recente Hush é muito maior, já que existe uma vertente de mudança que atinge diretamente a estrutura narrativa do filme.

O desfecho final de Don’t Breathe infelizmente mantém a mesma previsibilidade da maior parte dos longas do gênero nos últimos anos. A tentativa do diretor de propor uma tomada inicial de impacto – que talvez sugerisse um spoiler para o final do filme – só funciona caso o público realmente compre com paixão a proposta – e se esqueça completamente da noção de tempo. Por conta do sucesso nos EUA e da boa resposta no exterior, é muito provável que se estabeleça uma franquia de bastante poder.

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NOTA: 6/10

IMDb

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