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9/11 (11/9) – 2002

Eventos impactantes têm a tendência de marcar gerações. É comum, por exemplo, que as pessoas de mais idade se recordem exatamente do que faziam no momento em que receberam a notícia da morte do presidente John Kennedy. O impacto deste tipo de notícia é alto, e a cobertura da mídia – seja qual for o lugar do mundo – tende a influenciar diretamente o espectador. Essa relação da história com a memória, tão discutida por acadêmicos como Paul Ricoeur e Jacques Le Goff, ganhou um novo traço com o 11 de setembro. Por se tratar de um evento ao vivo, no coração da principal potência mundial, a partir do ataque do segundo avião todos nós que presenciamos e vivemos a cobertura sabíamos de que estávamos assistindo a um importante capítulo de nossa história.

Não pretendo discutir o evento e todos os passos subsequentes da administração Bush. Meu interesse é focar nos documentários: inúmeras produções especiais são feitas anualmente. Dentre todas, nenhuma chegou perto do poder de 9/11 (11/9, no Brasil), dos irmãos franceses Jules and Gedeon Naudet.

Eles são o retrato perfeito de um dia aparentemente normal: ambos estavam filmando o primeiro dia de trabalho de um bombeiro do Batalhão 1 de Nova York, que foi direcionado para um possível vazamento de gás na região. De repente, o avião da American aproxima-se da torre norte, chamando a atenção dos irmãos, que direcionam a câmera para capturar o único vídeo claro do primeiro ataque em solo americano.

Apenas com essa imagem eles certamente já fariam sucesso, mas eles decidiram seguir os bombeiros – ainda chocados. Aos poucos, o que parecia um horrível acidente ganha traços de um atentado terrorista. E a série de casos inesperados ocorridos desde o momento em que eles chegam ao World Trade Center até a queda das torres apenas repassam toda a emoção daquele dia ao espectador: seja pelo som do impacto de um jumper no chão (pessoa que optou por se jogar do prédio pelo insuportável calor e falta de ar) ou pela garra e força dos bombeiros – que pareciam se despedir dos colegas tão logo começaram a subir para tentar salvar pessoas – o apelo emocional é gigantesco.

O sucesso comercial de 9/11 deixa claro que o documentário dos irmãos Naudet foi o mais influente já feito até hoje: com distribuição em mais de 100 países e altíssimos números de venda em home video, não é de se admirar que a cada cinco anos todos os envolvidos nesta produção façam uma espécie de atualização, com novas filmagens e entrevistas (em 2016 a CNN comprou os direitos do especial de quinze anos).

NOTA: 8/10

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